Nas últimas três gestões da Sony, sua área de entretenimento – que engloba video-games, cinema e música – foi colocada em segundo plano, com o foco sendo a produção e desenvolvimento de novos produtos tecnológicos. Quando Kenichiro Yoshida assumiu o posto de CEO da Sony Corporation em abril, tudo indicava que a direção seria mantida.

Conhecido por assumir empresas com rendimento abaixo do esperado, o mercado enxergava em Yoshida um homem com pouca afinidade na área de entretenimento da empresa, que poderia estar com os dias contados diante de um executivo conhecido por corte de custos. Além disso, a eminente fusão entre Disney e Fox criaria um gigante da indústria do entretenimento, grande demais para uma empresa com outras frentes competir, caso da Sony.

Porém durante a CES, maior feira de tecnologia que acontece nesta semana em Las Vegas, Yoshida subiu ao palco da apresentação da Sony para dizer que em sua gestão, a área de entretenimento da empresa será foco. “Eu quero passar a mensagem de que a Sony é uma empresa criativa e de entretenimento”, disse. Com essa frase, o CEO deixou claro que o plano não é abandonar a Sony Music, Sony Picture e Playstation, e sim investir cada vez mais nelas, apostando na integração das áreas.

Ele também disse que é hora destas três áreas trabalharem cada vez mais juntas a fim de utilizar suas bases de clientes. Somente a Playstation Network, ambiente digital da divisão de games da empresa, tem mais de 80 milhões de usuários mensais. Sobre o serviço, Yoshida diz enxergar nela uma “plataforma muito forte de entretenimento para toda a Sony, muito adequada para conteúdos de música e cinema.

O pedido de integração vem em um momento em que as três áreas tem novos líderes. Em junho de 2017, Tony Vinciquerra se tornou chefe executivo da Sony Pictures. John Kodera assumiu a Playstation há pouco mais de um ano, enquanto Rob Stinger e Jon Platt estão a frente da Sony Music há poucos meses. Todos reportam diretamente para Yoshida.

A mudança de rumo da empresa chega com novos desafios. A Sony Music realizou aquisições nos últimos anos e detém o maior catálogo de música do mundo, mas teve um 2018. Já a divisão de cinema teve um ano surpreendente após começar a focar em filmes para todas as audiências, como “Jumanji: bem-vindo à Selva” que arrecadou US$ 962 milhões mundialmente em 2017 e Venom, que superou todas as expectativas e fechou 2018 com lucro de US$856 milhões. Já a divisão de video games se manteve líder do segmento, com o Playstation 4 sendo o console mais vendido de sua geração, e o recente jogo “Marvel’s Spider Man” tendo vendido 3,3 milhões de cópias nos primeiros três dias de venda.