Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, decidiu entrar no mérito da questão da uberização num contundente artigo de 1,3 mil palavras publicado segunda-feira (10) no The New York Times. A seguir os principais pontos no texto de Dara:

Muitos de nossos críticos, incluindo o conselho editorial do The New York Times, acreditam que o Uber e nossos colegas da gig economy [economia compartilhada] faremos de tudo para evitar incorporar o custo dos benefícios dos funcionários, como seguro saúde. Dada o histórico da nossa empresa, posso entender por que eles pensam assim. Mas não é verdade e não é no que eu acredito.”

“Nosso sistema de emprego atual é desatualizado e injusto. Força cada trabalhador a escolher entre ser um empregado com mais benefícios, mas menos flexibilidade, ou com mais flexibilidade, mas quase sem rede de segurança. A Uber está pronta, agora, para pagar mais e oferecer aos motoristas novos benefícios e proteções. Mas os EUA precisam mudar o status quo para proteger todos os trabalhadores, não apenas um tipo de trabalho.”
“A dura realidade: a Uber só teria empregos de tempo integral para uma pequena parte de nossos motoristas atuais e só seria capaz de operar em muito menos cidades do que hoje. O resultado: as corridas seriam mais caras. ”

“Mais importante do que o que eu penso é o que os motoristas pensam: a grande maioria não quer ser funcionário porque valorizam a flexibilidade. Uma pesquisa recente descobriu que dois em cada três motoristas de aplicativos parariam de dirigir se sua flexibilidade fosse comprometida. Qualquer pessoa que foi demitida ou forçada a escolher entre a escola e o trabalho dirá que esse tipo de liberdade tem valor.”

“Existem mudanças que devemos fazer por conta própria. A Uber vai começar e espero que outros o sigam. Para começar, temos que ser mais transparentes. É por isso que lançamos um novo simulador de ganhos, usando dados históricos para dar aos motoristas uma visão mais clara do que eles podem esperar ganhar em sua área, antes mesmo de se inscreverem. ”

“Por que simplesmente não dar dinheiro aos motoristas e deixá-los decidir o que fazer com ele, em vez de exigir que as empresas forneçam benefícios específicos a todos? Mais uma vez, tudo se resume ao que os motoristas desejam. Quando você pergunta a muitos formuladores de políticas quais benefícios eles consideram mais importantes para os motoristas, a resposta quase sempre é a assistência médica. Quando perguntamos aos motoristas, o sistema de saúde não está entre os cinco principais. É mais provável que isso aconteça porque a maioria deles já tem algum tipo de seguro saúde, seja por meio de outro emprego, do Affordable Care Act ou de um membro da família.”

“É hora de ir além essa falsa escolha. Para começar, todas as empresas da gig economy precisam pagar pelos benefícios. Estou propondo que as empresas sejam obrigaDara Khosrowshahi, CEO da Uber, decidiu entrar no mérito da questão da uberização num contundente artigo de 1,3 mil palavras publicado segunda-feira (10) no The New York Times. A seguir os principais pontos no texto de Dara:das a estabelecer fundos que dêem aos trabalhadores dinheiro que eles podem usar para os benefícios que desejam, como seguro saúde ou folga remunerada. Se essa fosse a lei em todos os 50 estados dos EUA, o Uber teria contribuído com US$ 655 milhões só no ano passado. ”

“A liberdade de trabalhar quando você quiser tem uma séria desvantagem: quando o pior acontece, muitas vezes você está sozinho. Tem que haver uma terceira via. Mas vamos ser diretos: mais do que novas ideias precisamos de novas leis. Nosso sistema atual é binário. O mundo mudou.”

(Nota publicada na edição 1184 da Revista Dinheiro)