Alguns levam em seus corpos os estigmas da guerra que assola a Síria desde 2011: queimaduras de cigarros nas costas, cicatrizes nos rostos. Mas, em outros, o conflito teve um impacto psicológico irremediável.

O centro especializado Al-Waalan é um abrigo e uma ajuda para muitos que sofrem problemas psicológicos, deficiências, feridas de guerra e idosos.

O centro está em Al-Dana, na província de Idlib, região do noroeste da Síria controlada pelos extremistas. Ali oferece um teto e uma casa, assim como assistência médica.

As condições não são ideais, mas nesta região onde a ajuda internacional não é suficiente para melhorar as condições de vida às vezes desastrosas, o centro é uma das únicas opções para pacientes que perderam todos os vestígios de suas famílias e que não podem sobreviver sozinhos, por sua deficiência, física ou neurológica.

A AFP se reuniu com seis homens abrigados pela instituição, criada há um ano. Eles têm entre 23 e 55 anos e vêm de diferentes regiões da Síria. Alguns esqueceram seus nomes e suas cidades de origem, um deles só lembra de ter crescido em um subúrbio de Damasco.

Vivem fora da realidade que os cerca, dormem no mesmo quarto, em estreitas camas alinhadas. Para se protegerem do frio, têm cobertores grossos e tapetes no chão.

– Sem ajuda –

A província de Idlib, que conta com grupos rebeldes e extremistas, está desde o início do ano sob o controle do Hayat Tahrir al-Sham, organização extremista formada pelos ex-combatentes da Al-Qaeda, que deslocaram os rebeldes com as armas.

Segundo dados da ONU, uma família em cada cinco tem um membro com alguma deficiência ou doença crônica, e 2,1 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária.

Metade dos três milhões de habitantes é composta de populações deslocadas, que chegaram a Idlib fugindo das diferentes ofensivas do regime de Bashar al-Assad contra zonas rebeldes em todo o país.

Cerca de 275 mil vivem em campos precários superpovoados e sem nenhum ajuda.

Apesar dos combates esporádicos entre o regime e os extremistas ou rebeldes, a província de Idlib vive uma relativa calma a favor do acordo russo-turco que permitiu afastar a perspectiva de uma ofensiva do regime, que poderia ter provocado a pior crise humanitária do século XXI, de acordo com a ONU.

O conflito na Síria começou em 2001 e deixou mais de 360 mil mortos e milhões de deslocados.