O chamado “Centrão”, bloco legislativo constituído por pequenos e médios partidos, nunca teve tanto poder no governo Jair Bolsonaro (PL) como no último ano de seu mandato. Apenas os três principais partidos do bloco (PP, PL e Republicanos) comandam pelo menos 32 pontos-chave na administração federal, que somam mais de R$ 149,6 bilhões em recursos.

Deputados federais e senadores das legendas ganharam repasses de ao menos R$ 901 milhões em emenda parlamentar do relator, o chamado “orçamento secreto”, que não designa onde o dinheiro foi aplicado.

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A cifra gerida pelos três partidos é superior, por exemplo, ao orçamento anual do Ministério da Defesa: R$ 116,3 bilhões. O Ministério da Saúde, que combate a pandemia causada pela Covid-19, tem orçamento de R$ 160 bilhões.

A gestão dos recursos é feita a partir de indicações desses partidos a cargos de comando em diversos setores, como a presidência do Banco do Nordeste, ocupada por indicado do deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, ao qual Bolsonaro filiou-se em novembro de 2021. Com orçamento de R$ 144 milhões, o banco administra R$ 65 bilhões em ativos, segundo levantamento do jornal O Globo.

Outro órgão sob controle do Centrão é o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), presidido por Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira (PP), ministro da Casa Civil. O FNDE tem orçamento de R$ 37 bilhões previstos para este ano.