Desde que as notícias sobre os recursos financeiros em paraísos fiscais do ministro da Economia, Paulo Guedes, vieram à tona, um burburinho nos corredores do Congresso também surgiu. A base aliada ao governo Bolsonaro na Câmara, que nunca se deu muito bem com o Posto Ipiranga, viu nesse episódio a chance de colocar um dos seus no comando da economia brasileira. 

Dos sete deputados aliados ao governo com quem a reportagem falou, quatro disseram que a mudança não é um assunto descartado, mas a busca por um nome para apresentar ao presidente do Jair Bolsonaro ainda não era unanimidade. Os mais possíveis, confirmaram as fontes, seriam o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. 

Ainda que Campos Neto seja o favorito, o fato dele também ter registro de offshore pode enfraquecê-lo perante a opinião pública, que entenderia a troca como um “seis por meia dúzia”. 

O grande ponto de inflexão dos parlamentares para pressionar o presidente Bolsonaro deve acontecer nas próximas semanas, quando o ministro da Economia deverá aparecer ao Parlamento para dar explicações sobre sua milionária offshore. Em entrevistas, Guedes tem reforçado que não há ilegalidade em seu dinheiro aplicado no exterior, e que o montante é declarado na Receita Federal.  

Um deputado do PSL que confirmou à reportagem movimentos para substituição de Guedes, reforçou que o ministro “não é político, ou ele saberia que nesses casos parecer ser é mais grave do que ser efetivamente”, disse, em condição de anonimato. No plenário da Câmara, 340 deputados votaram pela convocação do ministro, boa parte deles apoiadores do bolsonarismo. 

O cientista político Emerson Camargo vê o cenário do ministro como temerário. “Sem conseguir fazer nada de efetivo para a economia que não dependesse da mão do Congresso, Guedes tem pouco suporte hoje para se manter”, disse ele, reforçando o afastamento do mercado, a pouca conexão popular e o desembarque de empresas. “Não há um grande feito nas mãos de Guedes, mas isso não significa que as coisas não podem piorar sem ele. Tudo depende do substituto.” É só lembrar o que aconteceu acontecer na pasta da Saúde