Várias centenas de migrantes sem documentos ocuparam brevemente na sexta-feira (12) o monumento parisiense do Panteão, necrópole das grandes personalidades francesas, para pedir sua regularização e um encontro com o primeiro-ministro.

Setecentos migrantes e simpatizantes, segundo os participantes, ocuparam ao meio-dia este imponente edifício no centro de Paris.

A ação foi organizada por coletivos dos “coletes amarelos” (cujo nome faz referência ao movimento de protesto social contra o governo ‘coletes amarelos’) e “A capela em pé”, que apoiam os ilegais.

O local emblemático foi evacuado sem incidentes por volta das 11H45 de Brasília pela saída traseira do edifício, constataram jornalistas da AFP.

Os ocupantes permaneceram depois no exterior, rodeados pelas forças de segurança, gritando lemas como “Coletes pretos! Coletes pretos!”, nome de um coletivo de migrantes que vivem em casas de acolhida ou na rua na região de Paris.

As forças de ordem atacaram e dispararam granadas de gás lacrimogêneo para fazer recuar os manifestantes mais veementes, constataram jornalistas da AFP. Várias foram transferidos pelos serviços médicos ou feridas ou mal-estar, segundo as mesmas fontes.

Em um comunicado, se apresentam como “sem papéis, sem voz, sem rostos para a República francesa” e reivindicam “papéis e moradia para todas e todos”.

“Já não queremos ter que negociar com o ministro do Interior […] Queremos falar com o primeiro-ministro, Edouard Philippe, agora!”, escrevem.

“Muitas pessoas vivem sem direitos há anos. Ocupamos [o Panteão] para reivindicar ao primeiro-ministro uma regularização excepcional. Não houve regularizações excepcionais desde a chegada ao poder de [François] Mitterrand [em 1981]. É hora de haver uma”, explicou à AFP Laurent, membro de um coletivo, que participou em apoio aos manifestantes no exterior do prédio.

“O Panteão é um símbolo dos grandes homens. No interior, há símbolos da luta contra a escravidão. Estamos lutando contra a escravidão do terceiro milênio”, explicou.

O coletivo “coletes pretos” costuma realizar ações de choque em apoio aos migrantes sem documentos.