Centenas de cientistas de todo mundo iniciaram nesta terça-feira (11), em Genebra, uma reunião para intensificar os esforços para combater o novo coronavírus, descrito pela OMS como “uma ameaça muito séria” para o mundo.

“Com 99% dos casos na China, essa continua sendo uma grande emergência para este país, mas também representa uma ameaça muito séria para o resto do mundo”, disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na abertura da conferência.

Cerca de 400 cientistas devem analisar por dois dias maneiras de combater a epidemia, observando sua transmissão e possíveis tratamentos.

Também compartilharão seu conhecimento sobre as potenciais fontes da doença, que pode ter-se originado em morcegos e depois migrado para outros animais antes de atingir os seres humanos.

“O mais importante é parar a epidemia e salvar vidas. Com o apoio de vocês, é isso que podemos fazer juntos”, disse o diretor-geral da OMS aos participantes.

Em particular, Tedros convocou todos os países a mostrarem “solidariedade”, compartilhando os dados à sua disposição.

“Isso é particularmente verdade no que diz respeito às amostras e ao sequenciamento” do vírus 2019-nCoV, seu nome provisório.

“Para vencer essa epidemia, precisamos de um compartilhamento equitativo”, insistiu.

Nos últimos dias, o chefe da OMS se queixou várias vezes da falta de compartilhamento de dados por certos países, em particular ocidentais, sem nomeá-los.

Ele disse que espera que a reunião resulte em um “roteiro” em termos de pesquisa, no qual “pesquisadores e doadores possam se alinhar”.

Mais de 42.600 pessoas foram infectadas na China continental, e pelo menos 1.016 delas morreram. Fora da China continental, o vírus matou duas pessoas (uma nas Filipinas, e uma, em Hong Kong), e mais de 400 casos foram confirmados em cerca de 30 países e territórios.

Em paralelo a esse trabalho em Genebra, a agência especializada das Nações Unidas começou a enviar equipamentos de proteção e de testes para muitos países, em particular na África.

A OMS também acaba de enviar uma missão de especialistas à China para trabalhar com cientistas e autoridades chinesas. Ainda não há certeza, porém, sobre se essa missão poderá ir a Wuhan, epicentro da doença.

No final de janeiro, a OMS classificou a epidemia como “uma emergência de saúde pública de interesse internacional”. Recusou-se, contudo, a falar de uma “pandemia”.

A preocupação internacional foi revivida com o surgimento de um caso de contaminação fora da China. Um britânico infectado em Singapura transmitiu a doença para vários compatriotas durante uma estada na França, antes de ser diagnosticado na Grã-Bretanha.

Ele teria contaminado pelo menos 11 pessoas, acidentalmente. Cinco delas estão hospitalizadas na França; outras cinco, na Grã-Bretanha; e uma, na ilha espanhola de Maiorca.

“A detecção desse pequeno número de casos pode ser a fagulha que terminará em um incêndio maior”, afirmou na segunda-feira o diretor-geral da OMS.

Até então, a maioria das contaminações identificadas no exterior envolvia pessoas que haviam retornado de Wuhan.

Vários laboratórios e institutos farmacêuticos estão envolvidos na busca de uma vacina – nos Estados Unidos, na China, na França, na Alemanha, ou na Austrália -, mas seu desenvolvimento e difusão podem levar vários anos.

Segundo especialistas da OMS, pelo menos 82% dos casos relatados desta doença são considerados pouco graves; 15%, graves; e 3%, “críticos”.