Depois de seguidas previsões de alta, analistas do mercado financeiro dos Estados Unidos parecem vislumbrar um cenário mais negativo para o primeiro trimestre de 2019. A principal prova disso é a previsão de retração de 1,7% das empresas que compõem o S&P 500 – o índice que representa as ações de 500 grandes empresas nas bolsas de valores norte-americanas -, segundo dados de John Butters, analista sênior de lucros da FactSet. No início do ano, a estimativa era de crescer 3,3%, enquanto em outubro passado o cenário otimista permitia uma aposta de valorização de 6,6% no período.

Os lucros das grandes corporações não são os principais indicativos da saúde economia do país, ressalta o The New York Times, mas são parte importante desta equação. Nos primeiros nove meses do ano passado, por exemplo, um inesperado lucro das empresas – 20% acima das previsões -, impulsionou o S&P 500 para níveis recordes. As gordas linhas de fundo permitiram aos investidores olhar para além da perspectiva de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e uma série de dados que mostraram que grandes economias estrangeiras, incluindo o Japão e a Alemanha, estavam perdendo força.

No último trimestre de 2018, quando a economia norte-americana parecia presa em uma recessão, os lucros destas companhias cresceram ainda mais, com crescimento de 13,3% em relação ao mesmo período de 2017.

Em 31 de dezembro de 2018, analistas esperavam que as empresas do S&P 500 ganhassem, em média, US$ 40,21 por ação. Hoje, essa estimativa é de US$ 37,95, uma queda de 5,6%, segundo a FactSet. Porém, não é incomum que as análises sejam alteradas no meio do processo. Os executivos corporativos oferecem orientações sobre o desempenho de seus negócios e uma variedade de dados macroeconômicos ajuda os analistas a aprimorar suas projeções de lucro.

O alerta acende se houver uma nova previsão de quedas para o trimestre seguinte, que é chamado de recessão de lucros, e é o que parece cada vez mais próximo de acontecer. Hoje, analistas esperam que os lucros aumentem apenas 1,2% no segundo trimestre deste ano. Essa previsão provavelmente cairá, talvez para índices negativos, à medida que mais empresas divulguem seus resultados e os analistas atualizem seus modelos de previsão.

Os lucros das empresas neste ano vão enfrentar uma comparação difícil com 2018. A combinação de uma forte economia dos Estados Unidos e as novas taxas reduzidas de impostos corporativos levou os lucros a saltar mais de 20%. Agora, as empresas devem vivenciar um ambiente mais difícil, com desaceleração comercial e aumento de custos.