SÃO PAULO (Reuters) – O mercado de construção civil está dando indícios de estagnação neste ano, após um forte crescimento em 2021 que impulsionou uma série de segmentos fornecedores de insumos como o alumínio, afirmaram nesta quarta-feira executivos da CBA.

A companhia divulgou na noite da véspera lucro líquido recorde de 615 milhões de reais para o quarto trimestre, revertendo resultado negativo de 498 milhões de reais sofrido um ano antes, em meio à forte demanda pelo alumínio e preços impulsionados por um cenário de descompasso entre oferta e demanda no mercado internacional.

As ações da CBA, que fez um IPO em meados do ano passado, chegaram a subir mais de 6% mais cedo, mas devolveram parte dos ganhos e operavam em alta de 0,1% às 12h25. O papel não está no Ibovespa, que no mesmo horário tinha valorização de 1,4%.

“Construção (civil) subiu muito em 2021 e agora em 2022 não percebemos crescimento, apesar de estar em bom patamar”, disse o presidente-executivo da CBA, Ricardo Carvalho, em conferência com jornalistas sobre as perspectivas de demanda por alumínio no Brasil neste ano.

“Vemos algum arrefecimento em alguns segmentos da construção, como autoconstrução”, acrescentou o executivo, referindo-se ao segmento formado pela demanda por reformas e pequenas obras particulares.

Em 2021, as vendas de alumínio da CBA somaram 485 mil toneladas, uma evolução de 10% sobre o desempenho de 2020. A receita líquida, porém, disparou 56%, para 8,4 bilhões de reais.

O outro mercado relevante para a companhia, o de embalagens, mostrou-se bastante firme em 2021 e em 2022 a empresa “não tem sentido nenhuma variação em termos de redução”, disse Carvalho.

O vice-presidente financeiro da CBA, Luciano Alves, descreveu um quadro persistente de consumo de estoques de alumínio no mercado global, agravado pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, o cenário seguirá sendo favorável aos preços do alumínio.

“O mercado tem consumido estoques e estamos (mercado global) com níveis muito baixos, equivalentes a 50 dias no mundo”, disse Alves. “Enquanto continuar, essa dinâmica é favorável aos preços do alumínio”, acrescentou.

Diante do quadro, a CBA anunciou no final do ano passado a antecipação de entrada em operação de capacidade adicional de alumínio líquido, da ordem de 30 mil toneladas, de 2023 para meados deste ano.

A companhia ainda tem projetos para adição de mais 50 mil toneladas até 2025, mas isso depende de investimentos em desgargalamento de suas instalações, disse Alves.

(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de André Romani)

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