O Ibovespa abriu em queda e passou a renovar mínimas após o início do pregão, perdendo o nível dos 97 mil pontos. A cautela com relação ao cenário político conturbado deixa os investidores cautelosos, além disso, a ausência do mercado de ações dos Estados Unidos, em razão de feriado, e o vencimento de opções sobre ações também limitam os negócios, conforme operadores.

Às 11h34, em nova mínima, o Ibovespa caia 0,94%, aos 96. 606,27 pontos.

A situação complicada enfrentada pelo governo brasileiro, que pode ter a primeira baixa em menos de dois meses de gestão, é mal vista por investidores, pois pode atrapalhar a evolução da reforma da Previdência.

O imbróglio político envolve o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, cuja saída do governo é esperada para ser anunciada oficialmente nesta segunda-feira, 18. A exoneração ainda não foi publicada em edição extra no Diário Oficial da União.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro recebeu por cerca de 30 minutos o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.

Um operador chama a atenção para a gravidade da situação, que pode afugentar especialmente o investidor estrangeiro. “Vamos ver como será a proposta a ser enviada na quarta-feira à Câmara. Dependendo de como ficar o texto, pode pesar no mercado”, avalia um operador.

“Pode ser que a queda do Ibovespa hoje não passe de uma realização. Porém, em algum momento essa briga política pode começar a fazer preço. Há tempos não se via uma situação assim”, diz um operador.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, o recuo do índice de ações brasileiro reflete mais a ausência das bolsas de Nova York do que a instabilidade política.

Segundo ele, a forma com a qual o governo lidará com a crise será fundamental para ver se o investidor ficará dentro ou fora da Bolsa. “Ainda é cedo para avaliar qual será o impacto. Ainda acredito que a agenda positiva de reformas fará a diferença, irá se sobrepor a esse momento”, estima.

De todo modo, Vieira acredita que é natural o investidor ficar cauteloso neste momento. “Temos de esperar para saber como efetivamente ficará a proposta da reforma da Previdência”, pondera.