Há uma lição preciosa e insofismável que os brasileiros devem aprender após passar pela pior recessão da história, uma catástrofe que levou a economia a recuar para o patamar de 2010, provocou o encolhimento da renda média em 9,1% e colocou o desempenho do PIB no período entre os piores do mundo – digno apenas de nações em estado de calamidade como Venezuela e Ucrânia. A lição a tirar: nunca mais deixar se repetir por essas paragens a irresponsabilidade petista, colocada em prática na gestão de Dilma Rousseff, com a malfadada “Nova Matriz Econômica” que permitiu ao setor público várias barbaridades.

Dentre elas: gastar mais do que arrecada, congelar inconsequentemente preços de tarifas de energia e combustíveis – para atender às ambições políticas de reeleição da madame -, buscar o financiamento ilegal e imoral através de estatais e promover assombrosas liberalidades monetárias que desmantelaram o controle da inflação e do câmbio. A dimensão do desastre veio em forma de números violentos: em dois anos, o Produto Interno Bruto caiu 7,2%. O fato estatístico, que não tem paralelo desde os idos de 1930, se refletiu, dramaticamente, no fechamento em massa de empresas, no desemprego brutal e na paralisia dos negócios.

Foi a mãe de todas as crises – muito embora a senhora Dilma tenha teimado, várias vezes, em negar a sua existência. Ainda na campanha de 2014, com uma certa desfaçatez, indagava: “crise? Que crise?”. Dilma Rousseff (e, por correlação direta, seu mentor Lula) demonstrou cabalmente o quanto cara pode sair a aventura populista de governos que visam unicamente a perpetuação no poder a qualquer preço. O Brasil fez uma viagem tenebrosa ao fundo do poço e ainda custa a sair de lá, tamanha a força com a qual sofreu esse empuxo recessivo. A tragédia foi consumada a partir da espúria aliança dos petistas com alguns movimentos sociais que, mancomunados, assaltaram as estatais.

De quebra, a senhora Dilma mandou às favas alertas de economistas, analistas e dos próprios empreendedores que apelavam para ela evitar essas marcha da insensatez. No espelho retrovisor – como bem definiu o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles – só se enxerga calamidade. Tudo mais tem que ser reconstruído à duras penas e lentamente. A indústria automobilística, para ficar em um caso dos mais dramáticos, caiu 40% no período. A revolta maior por esse quadro deplorável é que ele poderia ter sido evitado. O Brasil estava com todas as condições para decolagem após a estabilização do Plano Real e perdeu anos com a brincadeira inconsequente promovida pelo Partido dos Trabalhadores.

(Nota publicada na Edição 1009 da Revista Dinheiro)