A pecuária brasileira viveu momentos de grande preocupação na última semana. Dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como “mal da vaca louca”, foram identificados em frigoríficos de Belo Horizonte, Minas Gerais, e Nova Canaã do Norte, Mato Grosso. Os registros foram considerados atípicos porque foram originados no próprio organismo dos animais, geralmente com idade mais avançada. A China, imediatamente, suspendeu as importações de carne brasileira.

Na segunda, no entanto, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) confirmou que os dois casos foram atípicos e que não representam risco para a cadeia de produção de proteína animal do Brasil. A conclusão da análise foi divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a China espera retomar as negociações rapidamente.

+Casos de mal da vaca louca não são risco à produção bovina, diz OIE

Mas os casos alertaram para o risco grave que a doença representa. Acredita-se que ela tenha surgido no Reino Unido ainda na década de 1980, e não tem cura nem tratamento. Nos anos 1990, a Europa sofreu com surtos do mal da vaca louca. Foram quase 100 mil casos confirmados no Reino Unido, e mais de quatro milhões de animais precisaram ser sacrificados. Humanos podem ser infectados e a evolução é muito perigosa: cerca de 90% morrem em menos de um ano. Além disso, basta um caso identificado para que a produção pecuária daquele país seja considerada instável.

No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que permite a contratação de veterinários privados para a fiscalização de frigoríficos. Antes, apenas servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) podiam realizar as auditorias. A decisão dividiu especialistas. Alguns afirmam que a medida é importante porque há insuficiência de auditores do Mapa. Outros dizem que o processo pode ser fragilizado, já que o controle de terceirizados não vai necessariamente atender aos padrões de segurança exigidos.

Há cerca de três semanas, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra um servidor que recebia R$ 10 mil mensais para negligenciar a auditoria em um frigorífico em Goiás. É um caso recente que mostra a importância da fiscalização para evitar abusos do tipo. Toda a cadeia tem muito a perder com negligência.