Denunciado por ajudar a J&F em seu acordo de leniência, o ex-procurador Marcello Miller foi relembrado nesta terça-feira, 4, durante debate entre candidatos à lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Indiretamente citado, ele foi criticado por postulantes ao cargo de procurador-geral da República.

“Não temos de tapar o sol com a peneira. Temos de fazer padrões. Temos de ter canais de denúncia. Temos de nos dispor a auditorias internas para ver se o padrão de investigação está na direção correta”, afirmou o ex-presidente da ANPR e candidato à lista tríplice José Robalinho Cavalcanti, sem citar nominalmente Miller, mas relembrar o caso de “dois, três anos atrás de um colega de dentro do gabinete procurador-geral que está alcançado e denunciado por estar trabalhando em conjunto com pessoas que estavam sob investigação”.

Miller era procurador e chegou a integrar a força-tarefa da Lava Jato na gestão de Rodrigo Janot. Ele deixou, porém, o MPF em abril de 2017 para trabalhar no escritório que cuidava do acordo de leniência da J&F.

Ao ser questionado sobre as políticas de compliance que devem ser adotadas pela chefia do MP, Robalinho disse que é preciso a criação de padrões de procedimentos em “situações delicadas”, como as de delações premiadas e reuniões. As afirmações dele foram feitas durante debate de dez candidatos à lista tríplice da ANPR, em São Paulo.

Em resposta, o subprocurador Antonio Carlos da Fonseca criticou uma espécie de cegueira da entidade em relação a casos de corrupção interna.

“Às vezes há a impressão que as coisas ruins e os malfeitos não ocorrem conosco. Esta é uma imagem errada. Aliás, a primeira coisa para se prevenir a corrupção é admitir que ela pode ocorrer em qualquer lugar”, afirmou.