O termo pode parecer um tanto complicado: supply chain finance focado no middle market. Mais complexa ainda é a operação de empresas que atuam nesse setor. Vamos simplificar, ao tomar como exemplo um motorista autônomo antes da criação dos aplicativos de viagem. Além do esforço para encontrar passageiros e formar uma carteira de clientes, havia o fator confiança como barreira para o match. Por um lado, o motorista não sabia quais eram as características do passageiro e se ele teria condições de pagar pelo serviço. Por outro, o passageiro não tinha certeza das qualificações do profissional ao volante. Para formar uma relação confiável, levava-se um tempo. Voltemos ao tal supply chain finance para middle market. Ele facilita ao ‘motorista’ (agentes de crédito) a encontrar seus ‘passageiros’ (médias empresas da cadeia de suprimentos que precisam de crédito). De maneira mais rápida e eficiente. Mas ainda há a questão da confiabilidade. É aí que entra a Cashforce, que conecta as pontas do processo e com suas ferramentas tecnológicas diminui os riscos.

Com sincronia entre produto, informação e finanças, a ideia é proporcionar uma gestão eficiente aos clientes. “Transformamos o supply chain finance em just in time finance, que é o financiamento no momento exato em que o fornecedor precisa, no volume certo para o comprador, entregando o valor que o crédito representa para a cadeia de suprimentos”, disse Fernando Marinari, fundador e CEO da Cashforce. São dois principais pilares no modelo de negócio da companhia, que entrou em operação há um ano e meio. O primeiro é colocar à disposição dos clientes ferramentas digitais de gestão – como portal de posição financeira, controle das entregas, emissão de cobranças, atualização cadastral de cedentes. O segundo é acesso a um marketplace de crédito automatizado via multifinanciadores (de bancos a factorings, de Fundos de Investimentos em Direito Creditório a securitizadoras).

“A falta de recursos do fornecedor para investir na produção afeta o equilíbrio na cadeia de suprimentos” Fernando Marinari, CEO da Cashforce.

Foi como juntar todas as dores e a partir delas oferecer todas as soluções. “E tudo com taxas atrativas, pois funciona como um leilão reverso”, afirmou Marinari, ao citar ainda a possibilidade de as próprias empresas que compram de fornecedores serem os agentes financiadores. “Podem aproveitar a sobra de caixa para fazerem isso.” Nesse sistema, também é possível dividir o crédito concedido entre vários financiadores. Se uma empresa necessita de R$ 10 milhões e um banco aprova R$ 5 milhões, a outra metade pode ser absorvida por outros agentes parceiros do marketplace.

360 GRAUS O foco em companhias de médio porte se justifica pelo fato de elas estarem na chamada zona de limbo, de difícil acesso ao crédito. As grandes instituições financeiras costumam criar critérios rígidos e trabalham normalmente com taxas lineares, independentemente do setor e da característica da empresa. Isso tudo engessa a concessão de financiamentos. Segundo Martin Luz, cofundador e CMO da Cashforce, a plataforma permite uma visão 360 graus de toda a operação para que todos os atores tenham dados transparentes. “Conseguimos levantar informação sobre o histórico do fornecedor com base em sua trajetória de vendas. E apontamos a capacidade da sua operação e da entrega, que é o mais importante [na análise de concessão do crédito]”, disse. Isso mais o compartilhamento dos limites de crédito e divisão de risco entre os financiadores. Fernando Marinari destaca que até agora “o índice de inadimplência é zero”.

Em uma operação normal, o financiamento é concedido entre 15 e 45 dias. Com a plataforma da Cashforce, é instantâneo, liberado no mesmo dia. “A falta de recursos do fornecedor para investir na produção afeta o equilíbrio na cadeia de suprimentos e impacta diretamente no negócio”, disse Marinari. Para Martin Luz, a disponibilidade de recursos imediatos “gera ambiente saudável de ganha-ganha-ganha e faz azeitar a cadeia produtiva”. Em um ano e meio de operação, R$ 600 milhões foram movimentados. A expectativa é fechar 2022 com R$ 2 bilhões em créditos. Estão cadastradas na plataforma 5 mil clientes, com previsão de até o fim do ano serem 10 mil. Um ecossistema que multiplica oportunidades pela sincronia e força da Cashforce.