As criptomoedas são cada vez mais usadas por cartéis mexicanos e colombianos para lavar quantias milionárias de dinheiro obtidas com o narcotráfico e outras atividades criminosas, advertiu nesta quinta-feira (10) a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) da ONU.

“Acredita-se que, apenas no México, os cartéis mexicanos lavem cerca de 25 bilhões de dólares ao ano”, destaca a JIFE, ressaltando que os cartéis de Sinaloa e Jalisco Nova Geração, os mais poderosos do país, são os que mais usam as moedas virtuais.

A JIFE apresentou em Viena e na Cidade do México seu relatório anual, no qual analisa o tráfico de drogas no mundo e seu impacto tanto em nível econômico quanto na segurança e na sociedade.

“Tanto os grupos criminosos organizados mexicanos quanto os colombianos estão aumentando o uso de moedas virtuais devido ao anonimato e à rapidez das operações”, diz o relatório da JIFE, citando conclusões da agência americana antidrogas, DEA.

As transações são feitas por montantes menores para não ativar o alerta dos mecanismos de controle implantados pelo México em 2018, que obrigam as plataformas de criptomoedas a reportar operações superiores a 2,83 bilhões de dólares.

“Os criminosos costumam dividir o dinheiro ilícito em pequenas quantidades que depositam em várias contas bancárias, uma técnica conhecida em inglês como smurfing (‘atomização’). Depois, utilizam estas contas para fazer uma série de compras on-line de pequenas quantidades de bitcoin, o que lhes permite dissimular a origem do dinheiro e pagar seus associados em outras partes do mundo”, acrescenta o documento.

As redes criminosas também lavam dinheiro de outras atividades ilícitas, como o tráfico de armas e seres humanos e a exploração sexual, acrescentou a JIFE.

A entidade também analisa em seu relatório como as redes sociais são usadas para promover o consumo de alucinógenos e comercializá-los.

“As plataformas oferecem novas oportunidades de comprar substâncias fiscalizadas e dão glamour às condutas negativas”, explica, lembrando que os jovens, grupo etário com maiores índices de consumo, são os principais usuários das redes sociais.

O México enfrenta há 15 anos uma onda de violência vinculada ao narcotráfico, em meio ao qual cresceram outros crimes, como o roubo de combustíveis e o tráfico de migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos.

Mais de 340.000 homicídios foram registrados no país desde dezembro de 2006, quando o governo lançou uma polêmica operação militar antidrogas, segundo dados oficiais que atribuem a maioria dos homicídios ao crime organizado.