Os investigadores do ataque de Utrecht, na Holanda, informaram nesta terça-feira (19) que consideram seriamente a motivação terrorista no crime, após terem encontrado uma carta no carro do principal suspeito.

“Neste momento, a motivação terrorista é levada em conta seriamente”, aponta o comunicado do MP e da polícia local, que interpelou um total de três suspeitos.

Os investigadores explicaram que encontraram uma carta no carro do principal suspeito, Gokmen Tanis, de 37 anos.

Nascido na Turquia, Tanis, foi preso na segunda-feira após uma caçada que durou oito horas. Uma arma de fogo foi apreendida durante a sua detenção, de acorrdo com as informações oficiais.

Como parte das investigações, agentes armados antiterroristas prenderam um outro homem, de 40 anos, em Utrecht, “suspeito de estar envolvido no incidente do tiroteio”, de acordo com a promotoria, acrescentando “que a participação dele estava sendo investigada mais a fundo”.

Outros dois suspeitos detidos na segunda-feira foram liberados, informaram os promotores.

Em um comunicado conjunto, o Ministério Público holandês e a polícia informaram que por ora não foi estabelecido nenhum vínculo entre o suspeito de origem turca, Gokmen Tanis, e as vítimas do ataque de segunda-feira em um VLT da cidade, no qual três pessoas morreram e sete ficaram feridas, segundo balanço atualizado.

Na véspera, as autoridades holandesas afirmaram que provavelmente o ataque teve uma motivação terrorista, mas que “não podiam descartar” outros motivos, como uma disputa familiar.

“Um dia depois sigo cheio de horror”, declarou o primeiro-ministro holandês Mark Rutte no parlamento

“Há muitas perguntas e boatos”, declarou durante uma coletiva de imprensa em Haia. “Qual foi a razão, terrorista ou outra, ainda não sabemos, mas não podemos excluir nada”, acrescentou.

“Os outros motivos não estão excluídos, eles também são objeto de investigações”, acrescentaram nesta terça o MP e a polícia.

No início desta manhã, os moradores desta cidade de cerca de 350.000 habitantes, a quarta maior da Holanda, flores eram deixadas no local da tragédia em homenagem às vítimas.

“Estou aqui para homenagear as vítimas e apoiar seus entes queridos”, disse Yvette Koetjeloozekoot, de 29 anos, moradora do bairro.

Os mortos no ataque são uma mulher de 19 anos e dois homens de 28 e 49 anos, todos da província de Utrecht, informaram as autoridades nesta terça-feira.

– Comportamento instável –

Após a tragédia, os VLTs voltaram a trafegar após a interrupção do serviço, o tempo para que a polícia concluísse o seu trabalho na cena do crime, um local muito movimentado do centro da cidade.

Enquanto as bandeiras estavam a meio mastro em muitos edifícios do país, Mark Rutte presidiu uma reunião de gabinete sobre o ataque, que suscita temores de segurança pública na véspera de importantes eleições provinciais na Holanda.

Na segunda-feira o nível de ameaça terrorista foi elevado a cinco em Utrecht (seu nível mais alto), na sequência do ataque. Ela foi rebaixado após a prisão de Gokmen Tanis.

Sobre este homem já conhecido da justiça holandesa, considerado o principal suspeito, os serviços de inteligência turcos estão “reunindo informações”, informou na segunda-feira à noite o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

“Alguns dizem que (o ataque) se deve a uma disputa familiar, outros dizem que foi um ato terrorista”, acrescentou em entrevista ao canal turco Ulke TV.

Na Holanda, o autor do ataque havia cumprido prisão provisória em 2017 suspeito de estupro, sendo posto em liberdade condicional após um mês.

Em janeiro deste ano, foi detido novamente por não respeitar as condições da condicional. Após 15 dias, foi liberado prometendo colaborar com a investigação.

De acordo com a rede pública de rádio e televisão holandesa NOS, Gokmen Tanis, alguns membros de sua família teriam ligações com grupos muçulmanos radicais. Outro ponto destacado pela imprensa sobre a personalidade do atirador é que ele apresenta comportamento instável desde que separou da esposa, há dois anos.

Testemunhas do ataque no VLT relataram que o atirador tinha como alvo uma mulher e as pessoas que tentavam ajudá-la, de acordo com relatos da mídia.

Escolas e mesquitas permaneceram fechadas na segunda-feira até a prisão de Gokmen Tanis por policiais de elite altamente armados.

A União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia, em particular, manifestaram a sua solidariedade para com a Holanda.

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