O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, afirmou que a instituição está comprometida a fazer “todo o necessário” para que o sistema financeiro do Reino Unido mantenha seu vigor, mesmo em um cenário de eventuais estresses trazidos pelo processo de saída do país da União Europeia, o chamado Brexit. Durante depoimento ao Comitê do Tesouro do Parlamento britânico, a autoridade informou que o BoE deve revisar nas próximas semanas seus cenários de testes de estresse em bancos, a fim de mensurar os eventuais impactos dessa separação para o setor.

Questionado por uma congressista se as empresas deveriam ser alertadas de modo mais vigoroso sobre os riscos trazidos pelo Brexit, sobretudo se não houver acordo com a UE, Carney notou que várias companhias na verdade não são afetadas diretamente, sofrendo apenas os impactos mais gerais do divórcio no quadro econômico. Carney estimou que cerca de 50% das empresas do país se encaixariam nesse grupo.

Carney comentou ainda sobre os riscos de não haver um acordo. Ele admitiu que há muito trabalho a ser feito, mas disse que as autoridades europeias têm mostrado disposição para resolver as diferenças. “É do interesse de todos resolver questões do Brexit”, argumentou. O presidente do BoE, porém, também notou que algumas “questões podem ter de ser resolvidas em um espaço curto de tempo”, para que o Reino Unido não tenha de deixar a UE sem qualquer acordo, um cenário mais duro para a economia do país.

A autoridade monetária comentou ainda que o patamar atual da libra é em parte um reflexo do risco de um Brexit mais duro com a UE. Caso ocorra um acordo e essa transição seja mais suave, ele previu que a moeda reverta parte das perdas recentes relacionadas ao tema.