O carnaval de 2018 deverá movimentar R$ 6,25 bilhões no setor do turismo em todo o País, queda 1,2%, em termos reais, em relação a 2017, conforme estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se as projeções forem confirmadas, será o melhor resultado dos dois últimos anos, após os tombos de 13,9% em 2016 e de 7,2% em 2017. A recuperação de 2018 será impulsionada pelo arrefecimento da inflação.

“Com o orçamento das famílias ainda apertado pela lentidão na recuperação do emprego e da renda, os gastos com lazer demoraram a reagir positivamente. Dessa forma, apesar da menor inflação neste ano, as atividades características do turismo ainda não deverão registrar, neste feriado de 2018, ganho real de receita”, diz a nota divulgada nesta quinta-feira, 1º de fevereiro, pela CNC.

Em 2018, “os segmentos de alimentação fora do domicílio, tais como bares e restaurantes (R$ 3,60 bilhões), transporte rodoviário (R$ 1,03 bilhão) e serviços de alojamento em hotéis e pousadas (R$ 705,6 milhões), responderão por mais de 85% de toda a receita gerada durante o maior feriado do calendário nacional”, destaca a nota da CNC.

Na avaliação da entidade, o arrefecimento da inflação fará diferença porque “produtos e serviços tipicamente mais demandados nessa época do ano registraram variação média de 4,4% nos 12 últimos meses”, conforme dados do IPCA, índice do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que baliza as metas perseguidas pelo Banco Central (BC).

Segundo a CNC, é a menor variação desde 2007, quando esses produtos ficaram 3,5% mais caros, no acumulado em 12 meses.

A análise inclui 33 produtos e serviços tipicamente demandados no carnaval. Entre eles, a CNC chamou atenção para as carnes, pois houve “quedas nos preços médios do frango (-8,2%), do filé mignon (-6,5%) e da carne de porco (-3,7%)”. “Apresentaram ainda recuos importantes no período o carvão vegetal (-8,8%), instrumentos musicais (-4,9%), excursões (-2,2%), além das diárias em hotéis (-1,1%)”, diz a nota da CNC. O quadro só não foi melhor por que os preços ficaram mais salgados no caso da gasolina (+10,2%), do gás veicular (+6,9%) e do óleo diesel (+5,7%).

A recuperação deverá ter impacto positivo no mercado de trabalho. A CNC estima a contratação de 19,3 mil trabalhadores temporários entre janeiro e fevereiro de 2018 – 8,9% a mais do que no carnaval de 2017 (17,7 mil) – para fazer frente ao aumento sazonal da demanda. “Com cerca de 13,7 mil vagas ofertadas, o segmento de serviços de alimentação deverá oferecer cerca de 70% das oportunidades de emprego”, diz a nota da CNC.

Se confirmada a projeção, será a maior oferta de vagas temporárias por parte das atividades que compõem a pesquisa da CNC desde 2015 (21,2 mil postos temporários). Segundo a CNC, o melhor resultado “dos últimos anos” foi visto em 2014, “quando a proximidade entre o carnaval (em março) e a Copa do Mundo no Brasil (em junho) estimulou a contratação de um contingente elevado de trabalhadores (55,5 mil)”.

Do ponto de vista regional, o Rio será o Estado com maior faturamento, com R$ 1,9 bilhão no carnaval deste ano. Ainda assim, diante da crise econômica enfrentada pelo Rio, o valor representa uma queda nominal de 10,5% em relação a 2017. Segundo a CNC, Rio e São Paulo (receita projetada de R$ 1,7 bilhão) responderão por 62% do total movimentado no País no feriadão.

“A maior taxa de crescimento de receita deverá ocorrer no Ceará (+9,1%)”, a entidade na nota. Os três principais Estados do Nordeste (Ceará, Bahia e Pernambuco) movimentarão, juntos, cerca de R$ 1,0 bilhão, nas contas da CNC.