Embora venham recuperando espaço e interesse dos investidores, os instrumentos de mercado de capitais ainda têm a mais baixa correlação com o financiamento de investimentos entre as fontes de recursos disponíveis. Os desembolsos do BNDES, que continuaram a cair no primeiro trimestre e estão no menor patamar desde 2005, têm correlação quase integral com o investimento, ou seja, quase tudo o que é captado vai para investimento. Nas debêntures essa relação é de cerca de metade e nas emissões primárias de ações chega a ser negativa. Só não são menores do que a correlação das fontes de recursos estrangeiras.

O cálculo da correlação entre as fontes de financiamento e o investimento de empresas e famílias foi feito pelo Centro de Estudos de Mercado de Capitais (Cemec) da Fipe, considerando os montantes de recursos captados e investidos como porcentual do PIB entre 2004 e o primeiro trimestre de 2018. Serve como parâmetro metodológico para as estimativas do Relatório Trimestral de Financiamento dos Investimentos da entidade.

“As empresas fazem aumentos de capital não necessariamente para financiar investimentos. Fazem também, por exemplo, para reduzir dívidas”, diz Carlos Antonio Rocca, frisando que isso é uma aproximação.

Mesmo assim, puxados pelas debêntures, os instrumentos de mercado de capitais conseguiram manter, no primeiro trimestre deste ano, a participação verificada no fim de 2017 no financiamento de investimentos no Brasil. A emissão de ações caiu de 2,5% para 1,6%, no primeiro trimestre, mas foi compensada pelo aumento na emissão de debêntures, que passou de 10,7% para 11,4%.

Os dados constam do Relatório Trimestral de Financiamento dos Investimentos do Cemec da Fipe, disponível na nota Cemec 06/2018. A participação do BNDES no financiamento dos investimentos no primeiro trimestre do ano continuou caindo e atingiu o menor nível da série, que começa em 2005. Passou de 5,3% do total nos 12 meses encerrados em dezembro de 2017 para 5% nos 12 meses encerrados em março de 2018.