Cientistas usaram um capacete de bicicleta modificado para criar um dispositivo que pode monitorar a atividade cerebral em crianças em tempo real.

A tecnologia pode eventualmente ser usada em pacientes com distúrbios do desenvolvimento neurológico, como autismo e epilepsia, relataram os pesquisadores nesta terça-feira na revista Nature Communications.

Os pesquisadores inseriram um dispositivo vestível de magnetoencefalografia (MEG) em um capacete de bicicleta padrão e registraram com sucesso a resposta do cérebro ao toque materno em crianças de entre dois e cinco anos.

Com o equipamento padrão, é muito difícil examinar o cérebro de crianças com menos de oito anos, disse Matthew Brookes, que trabalhou no dispositivo e é autor do relatório.

“Isso ocorre porque em crianças pequenas, suas cabeças são pequenas demais para caber corretamente no scanner e isso significa perda de qualidade dos dados”, disse à AFP. “Além disso, indivíduos mais jovens tendem a se mover mais”.

O dispositivo está equipado com sensores pequenos e leves que impedem que a verificação seja afetada pelo movimento da cabeça.

As crianças podem usar réplicas do capacete em casa para reduzir a ansiedade durante o exame, disseram os pesquisadores.

A tecnologia não se limita às crianças.

Brookes e seus colegas usaram versões maiores do dispositivo para registrar a atividade cerebral em um adolescente que jogava videogame e em um garoto de 24 anos que tocava ukelele.

Brookes disse que seus colegas da Universidade College London estão trabalhando no uso clínico do dispositivo MEG – incluindo diagnóstico e mapeamento cirúrgico – para adultos e crianças com epilepsia.

Ele espera que as aplicações possam ser expandidas para outras condições, como lesão cerebral, saúde mental e demência.

“Esperamos que (o dispositivo) seja usado para examinar pacientes dentro de dois a três anos”.