Não é só da confusão do Napster que vive a música na Internet. Nos próximos dias deve estrear o Vírgula Hits, um site brasileiro que distribuirá canções para o público jovem seguindo um modelo oposto à liberdade radical do Napster. Em vez de permitir que qualquer usuário copie gratuitamente uma música do computador de um outro usuário, de forma totalmente descentralizada, o Vírgula Hits ? que vai funcionar dentro do portal da Jovem Pan, prestes a ser lançado ? vai manter as músicas armazenadas em um servidor central, que será acessado pelos internautas com total controle da empresa. É uma prateleira virtual de onde se tira música, pagando. Em média, uma música custará entre R$ 1,80 e R$ 2 e poderá ser baixada em 10 minutos. em linha telefônica normal. ?Nosso comprometimento é com o recolhimento de direitos autorais?, diz Claudio Campos, vice-presidente de marketing e um dos sócios do iMúsica, que deu o suporte tecnológico para o Vírgula Hits. A empresa de Campos já vende canções em seu site e está negociando acordos com outros 15 sites para montar outras tantas lojas on-line de canções com o mesmo perfil. No iMúsica, as canções são distribuídas no formato WMA, desenvolvido pela Microsoft. São necessários cerca de dez minutos para carregar uma música no PC. As diferenças começam uma vez que a faixa está gravada na memória do computador. A partir daí, ela só pode ser ouvida se ele tiver comprado uma licença. As trocas eletrônicas entre usuários não são permitidas. Quem comprou pode copiá-la para um CD ou para um tocador portátil. O volume de downloads no site do iMúsica ainda é pequeno, mas os donos esperam que a audiência se multiplique com a queda nos preços dos aparelhos de MP3 (que custam entre R$ 800 e R$ 2.000) e com acordos com as gravadoras internacionais, que detêm os direitos dos principais artistas.

O grande xis da questão é o público: ele vai topar a nova brincadeira? O pessoal do iMúsica sabe que, para receber um sim como resposta, será fundamental que o modelo concorrente do Napster, indisciplinado e abundante, seja posto na coleira. ?Não dá para vender uma coisa que os outros dão de graça?, resume Campos. No momento, o serviço de troca de arquivos de música que conquistou milhões de usuários está numa briga de foices com a Justiça americana. Há duas semanas, os juristas afirmaram que o Napster deveria impedir a cópia de canções que não foram liberadas pelos seus autores. Nos últimos dias, o Napser chegou a oferecer US$ 1 bilhão às cinco maiores gravadoras para poder continuar trocando essas canções. A idéia foi rechaçada. ?Se as cópias gratuitas acabarem, um novo mercado irá explodir?, afirma Campos, que já passou pela Sony e Abril Music. A experiência anterior dos sócios, aliás, é o que mais os diferencia do jovem Shawn Fanning, que começou o Napster distribuindo o programa entre seus colegas. Os outros dois sócios do iMúsica, Alexandre Agra e Felipe Llerena, já trabalharam na Som Livre, Warner e Natasha Records.