O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nesta sexta-feira, 15, que o ciclo de ajuste monetário global vai influenciar o trabalho da autoridade monetária no Brasil.

“Há risco de o Brasil ser surpreendido com novo choque no fim do ciclo”, admitiu em evento online organizado pelo Goldman Sachs. “Há uma preocupação, mas eu diria que não é tão grande agora”, completou, dizendo que é preciso monitorar como será esse processo.

Em meio a isso, Campos Neto disse que o BC precisa focar no seu mandato de levar a inflação para meta. “Temos que ser enfáticos sobre 2022. O foco do BC continua sendo a meta de 2022”, reforçou.

O presidente do BC também disse que o que mais surpreendeu em 2021 foi a sequência de choques. “Nunca esperaria ter tantos choques em sequência.”

Ele comentou que a persistência do aumento da demanda por bens não era esperada e que é preciso entender o quanto disso ainda é consequência dos estímulos injetados na economia com a pandemia de covid-19 e o quanto pode estar relacionado a uma mudança estrutural.

Para emergentes, o presidente do BC disse que é importante ficar atento à desaceleração da economia na China.

Campos Neto ainda citou que a transição para a economia verde “não é tão simples” quanto se pensava. “Temos que ver como vai ser essa execução. Tem algumas interrogações sobre o impacto em crescimento e inflação. As mudanças em preços relativos estão criando cicatrizes e temos que entender quão importante são essas cicatrizes e o impacto no longo prazo.”