Um dos maiores mercados agrícolas do mundo ganhou os holofotes da Nutrien, a maior fornecedora global de insumos e serviços agrícolas. Com sede em Saskatoon, no Canadá, a companhia nasceu em 2018, da fusão das extintas compatriotas PotashCorp e Agrium. Antes de dar lugar à Nutrien, as empresas foram, respectivamente, líderes mundiais no fornecimento de potássio e uma das maiores fabricantes de fertilizantes do planeta. A fusão resultou numa gigante do agronegócio, que opera em 14 países e possui 22 mil funcionários.

Com faturamento anual na casa dos US$ 20 bilhões no primeiro biênio de atuação (2018-2019), a Nutrien possui dois tipos principais de negócio: os fertilizantes e o varejo. A chegada da gigante ao Brasil começou a ser consolidada este ano. Para o presidente da Nutrien na América Latina, Andre Dias, o foco no mercado brasileiro é uma oportunidade gigantesca. “O mercado de insumos para agricultores nos Estados Unidos movimenta US$ 40 bilhões. O Brasil está logo atrás, com US$ 30 bilhões, com crescimento de 2% a 3% ao ano”.

Com previsão de US$ 1 bilhão em investimentos no País até 2024, a estratégia inicial está baseada em aquisições. E mira em pequenas e médias empresas. Começou pela Agrosema, varejista do interior de São Paulo, com vendas anuais estimadas em US$ 60 milhões. Em junho, efetivou a compra de 100% do Grupo Tec Agro, distribuidora goiana de insumos agrícolas, com R$ 900 milhões em vendas anuais. Em outubro, a multinacional comprou os registros de mais de 100 defensivos agrícolas da BRA Agroquímica, que serão comercializados na linha própria da Nutrien, sob a marca Loveland.

FRANCA EXPANSÃO Andre Dias, presidente na América Latina, afirma que o plano é expandir e anunciar novas parcerias até o fim deste ano. (Crédito:Sandro Filippin)

O crescimento de portfólio por meio da marca própria e a criação de uma presença digital estão nos planos. “Caminhamos para ser omnichannel, com a ideia de utilizar o canal digital como espinha dorsal no relacionamento entre a Nutrien e o agricultor”, afirmou Dias. Com as aquisições e o fortalecimento digital, a companhia tenta driblar as dificuldades que enfrenta pela grande extensão territorial do Brasil. “O plano é expandir ainda mais. Devemos anunciar novas parcerias até o fim deste ano e outras em 2021”. A empresa mantém uma estrutura de duas operações no País, uma unidade de mistura de fertilizantes, em Itapetininga (SP), e outras seis instalações nos estados de São Paulo e Minas Gerais, além da Agrichem, produtora de fertilizantes.

A companhia projeta encerrar o ano com faturamento de R$ 2 bilhões no País, quadruplicando seu tamanho nos últimos 12 meses. Otimista e sem pressa, a Nutrien não se assusta com concorrências e prevê seguir nesse ritmo e alcançar, em menos de cinco anos, a liderança no segmento de insumos agrícolas no Brasil. Para Dias, o momento de entrada no País é o mais favorável possível. “Há uma consolidação em curso no varejo de insumos que ainda é majoritariamente feita por pequenas empresas, muitas familiares, e que têm encontrado dificuldade de sobreviver em um ambiente mais competitivo”, disse.

Agora, a multinacional pretende expandir sua capilaridade no País, saindo de 23 lojas para 200. O número de consultores também deve aumentar, saltando de 200 para 1 mil. “Um faturamento de R$ 2 bilhões nos colocará como um dos maiores no varejo de insumos do Brasil”, afirmou Dias. Esse crescimento, segundo o executivo, terá uma plataforma financeira voltada ao agricultor. Ela usará como base a estrutura já consolidada nos Estados Unidos e será o braço da companhia responsável por disponibilizar financiamentos e seguros de safras aos produtores rurais. Os lançamentos da plataforma digital, do aplicativo e da plataforma financeira estão previstos para 2021. A canadense chegou com a estratégia desenhada, foco e fome. Muita fome de mercado.