Não chamem para a mesma corrida os pilotos Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi. Eles podem bater de frente. Os dois são sócios do PPE, consórcio que ganhou concorrência para administrar o Autódromo Nelson Piquet, em 1998, mas que acabou perdendo o direito por não ter cumprindo 11 exigências do contrato, entre elas a construção de um cartódromo no complexo de Jacarepaguá, zona oeste do Rio. O atraso no cronograma foi resultado de desentendimento interno da sociedade que inclui, além dos pilotos, os empresários do setor de construção civil Paulo Júdice e Arthur Peixoto. O primeiro é parceiro de Piquet. Peixoto está ao lado de Emerson.

?Tentei fazer o cartódromo, mas fui impedido por Fittipaldi e Peixoto?, explica Piquet. ?Queria desenvolver um projeto regional e barato. O apresentado por eles custaria US$ 3 milhões.? Em direção oposta, a advogada da equipe de Fittipaldi, Marcela Sussekind, apresenta nova versão. ?Foi a outra parte que impediu o aumento de capital do PPE e inviabilizou o cartódromo?, disse ela. À primeira vista, o conflito entre os sócios tem origem administrativa. Enquanto a equipe de Piquet queria dar um estilo regional ao autódromo, a de Fittipaldi estaria mais sintonizada com projetos internacionais. Uma das causas desse acidente seria a popular Fórmula Indy. No contrato assinado entre a PPE e a Prefeitura havia uma cláusula que excluía a prova do controle da empresa dos pilotos até o ano 2001. Na época, quem organizava a corrida era a Intag, representante no Brasil da americana Cart. Em 1998, a Intag derrapou na contabilidade e foi obrigada a sair do negócio. No ano seguinte, a promoção do evento passou para as mãos de Fittipaldi, o que, obviamente, não agradou a Piquet e Júdice.

Nos bastidores, os ruídos dos motores são ainda mais dissonantes. A equipe de Piquet pinta o bicampeão mundial Fittipaldi como o responsável pelo insucesso da parceria. O sócio de Piquet, Paulo Júdice, lembra até de uma dívida de R$ 12 mil, referente ao pagamento da conta de luz da prova da Fórmula Indy de 1999. Júdice alega ter quitado a parte de Fittipaldi e nunca mais teria visto a cor do dinheiro. A equipe de Fittipaldi confirma que as provas de 1999 e de 2000 resultaram em prejuízo. Nega, porém, a dívida com Júdice. A assessoria de comunicação do ex-piloto confirma que houve ?diferenças de administração? entre os sócios, mas que Fittipaldi continua amigo do tricampeão. Será?