A campanha presidencial portuguesa foi suspensa nesta terça-feira (12) a espera de que o atual chefe de Estado, grande favorito para as eleições de 24 de janeiro, seja novamente submetido a um teste de coronavírus após um primeiro resultado positivo.

Assintomático e isolado no palácio presidencial, Marcelo Rebelo de Sousa, um conservador de 72 anos, deve fazer “um teste de confirmação” após um resultado positivo na segunda-feira, que foi seguido horas mais tarde por um segundo teste cujo resultado foi negativo.

Na quarta-feira passada, Rebelo de Sousa já estava algumas horas em “isolamento preventivo” depois de saber que uma pessoa de seu entorno teve resultado positivo.

Em seguida, o presidente deu negativo e não ficou em quarentena, já que o contato com a pessoa afetada foi considerado de “baixo risco”.

Os principais candidatos, à espera de saber se eram casos contato do chefe de Estado após uma série de debates televisionados, cancelaram sua agenda pública, já reduzida ao mínimo devido à situação sanitária.

A televisão pública continua anunciando o debate com os sete candidatos nesta terça-feira à noite, mas sua realização parece muito incerta.

– “Confinamento geral” –

Antes que Rebelo de Sousa fosse diagnosticado positivo, a campanha eleitoral – que iniciou oficialmente no domingo – já estava ameaçada pelo possível anúncio de um novo confinamento para conter o aumento de casos de covid-19.

Após superar pela primeira vez os 10.000 casos diários na semana passada, Portugal registrou na segunda-feira 122 mortos em 24 horas e cerca de 4.000 hospitalizados, um recorde.

Diante deste aumento após as festas de fim de ano, o governo se prepara para decretar na quarta-feira uma série de medidas “muito parecidas com o primeiro confinamento de março”, declarou o primeiro-ministro Antonio Costa.

“Creio que não há uma solução alternativa ao confinamento geral”, alertou neste fim de semana o presidente que, segundo as pesquisas, é o grande favorito da eleição presidencial, na qual pode ser eleito em primeiro turno.

– Abstenção histórica –

“Com ou sem covid, esta eleição vai de qualquer jeito registrar um recorde de abstenção histórica”, que poderia chegar a 75%, afirma o cientista político Carlos Jalali, da Universidade de Aveiro, ao jornal Publico.

Segundo ele, o índice de participação manterá uma tendência baixa já observada em eleições presidenciais anteriores, que estará acentuada pela muito provável vitória do atual presidente.

Em Portugal, o presidente da República é eleito mediante sufrágio universal, e seu mandato é de cinco anos, renovável por uma vez.

O presidente não tem nenhum poder executivo, mas desempenha um papel de árbitro em caso de crise política e dispõe do poder de dissolver a Assembleia para convocar eleições antecipadas.