Augusto Boal, Plínio Marcos e Antônio Abujamra estão entre os grandes nomes das artes cênicas cuja história passa por um palco no subsolo de um prédio do Bom Retiro, no centro de São Paulo. Foi ali, no Teatro de Arte Israelita Brasileiro (Taib), que algumas das peças mais críticas e importante do período da ditadura militar foram encenadas.

Há quase 15 anos, contudo, essa memória fica detrás de portas fechadas. O palco, as poltronas e a estrutura do antigo Taib hoje não são mais consideradas seguras e foram danificadas após um alagamento.

Para reverter essa situação, o Instituto Cultural Israelita Brasileiro (ICIB) prepara uma ações de arrecadação de fundos. O primeiro passo é a campanha “Taib, 60 anos”, de apadrinhamento das 300 poltronas do antigo teatro, lançada na quinta-feira, 22, na feira Made (Mercado-Arte-Design).

A proposta tem o apoio da AMDMB (Associação Mobiliário e Design Moderno Brasileiro), que vai doar a restauração de uma poltrona a cada R$ 5 mil doados para a reforma do teatro. O instituto também estuda outras iniciativas, como leilões de obras doadas por artistas, eventos e leis de incentivo.

A proposta lembra a própria história da Casa do Povo, centro cultural em que Taib está localizado e cuja construção foi erguida através de uma campanha de doação de tijolos. A inauguração ocorreu em 1953, seguida pela abertura do teatro em 1960, com endereço no Bom Retiro, bairro ligado à imigração israelita.

O diretor-executivo da Casa do Povo, Benjamin Seroussi, calcula que R$ 1,5 milhão é necessário para o teatro reabrir com segurança e acessibilidade e sem os atuais problemas de umidade. O projeto de restauro completo custa, contudo, R$ 4 milhões. “Com ele seguro, a gente já poderia fazer muita coisa. Em épocas de vacas magras, não adianta esperar os R$ 4 milhões.”

O projeto de reforma e restauro é de Silvio Oksman, André Wainer e Ilan Szklo, enquanto o original é de Jorge Wilheim (conhecido pelo Anhembi). Para recuperar todo o edifício, o custo estimado é de mais R$ 4 milhões. “A Casa está segura, tem AVCB, mas também precisa melhorar”, diz Seroussi.

O Taib começou a entrar em decadência a partir dos anos 80, período em que a região central também enfrentou fenômeno semelhante. Depois de fechar as portas, chegou a ser incluído como um dos pontos de parada da peça itinerante “Bom Retiro 958 metros”, do Teatro de Vertigem, que trazia personagens marginalizados, como usuários de crack. Neste ano, o espaço também está com uma instalação da artista Daniel Lie, com abertura para o público em apenas duas datas.

Centros culturais e museus judaicos para conhecer em São Paulo:

Memorial da Imigração Judaica

Horário: segunda a quinta-feira, das 9h às 17h, sexta-feira, das 9h às 15h, e domingo mediante agendamento

Endereço: Rua da Graça, 160 – Bom Retiro

Mais informações: memorialdoholocausto.org.br

Entrada gratuita

Memorial do Holocausto

Horário: segunda a quinta-feira, das 9h às 17h, sexta-feira, das 9h às 15h, e domingo mediante agendamento

Endereço: Rua da Graça, 160 – Bom Retiro

Visita mediante agendamento no agenda.memorialdoholocausto.org.br

Entrada gratuita

Centro de Memória do Museu Judaico

Exposições, cursos e palestras.

Horário: segunda a sexta-feira, das 9h às 18h

Endereço: Rua Estela Sezefreda, 76 – Pinheiros

Mais informações: facebook.com/museujudaicosp

Unibes Cultural

Exposições, oficinas e eventos culturais.

Horário: terça-feira a domingo, as 10h às 19h

Endereço: Rua Oscar Freire, 2.500 – Pinheiros

Mais informações: facebook.com/UnibesCultural

Casa do Povo

Exposições, oficinas e eventos culturais.

Horário: terça-feira a sábado, das 14h às 19h

Endereço: Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro

Mais informações: casadopovo.org.br