Três gigantes globais de tecnologia, com atuação importante no mercado de telefonia celular, apresentam rumos diferentes a trilhar a partir deste ano. A sul-coreana LG anunciou nesta semana a paralisação mundial da fabricação de smartphones. Por outro lado, as chinesas Huawei e Xiaomi ampliam seus já encorpados portfólios e apostam agora na produção de carros elétricos.

O posicionamento da LG pegou parte do mercado de surpresa, apesar de os resultados do setor nos últimos anos terem sido negativos. Desde o segundo semestre de 2015, o negócio global de celulares sofria perda. Foram 23 trimestres consecutivos de prejuízos acumulados, que atingiram rombo de US$ 4,1 bilhões aos cofres da empresa até o final de 2020. “Depois de avaliar todas as possibilidades para o futuro do nosso negócio de celulares, o headquarter global decidiu por fechar esta divisão a fim de fortalecer sua competitividade futura por meio de seleção e foco estratégico”, afirmou a companhia em comunicado. A dúvida paira agora sobre o futuro da fábrica de equipamentos de Taubaté (SP). São 430 funcionários. A expectativa é de que a produção de monitores do local não seja afetada. A outra fábrica que a LG mantém no Brasil, em Manaus (AM), de aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e outros eletrodomésticos da linha branca, também não deve sofrer alteração.

FUTURO INCERTO Trabalhadores de terceirizada da LG fazem protesto em São José dos Campos (SP). (Crédito:Lucas Lacaz Ruiz)

No País, a marca sul-coreana aparece na quinta posição em número de usuários, segundo dados da consultoria Statcounter, que mensura os acessos à internet por tipo de aparelho. A LG fechou o mês de março com 6,52% de market share brasileiro nesse quesito, em ranking liderado pela Samsung, com 45,25%. A Xiaomi, em franca ascensão no Brasil, ultrapassou a sul-coreana em janeiro de 2020 e no mês passado alcançou 9,6% da fatia local. A Huawei tem apenas 0,33%. Seu forte por aqui está no fornecimento de infraestrutura para as operadoras de telefonia. As novas redes de 5G estão na mira da chinesa.

MOBILIDADE Se a LG está se despedindo do nicho de celulares, a Xiaomi amplia sua atuação e vai investir US$ 10 bilhões nos próximos dez anos para entrar na corrida dos carros elétricos, um setor promissor. O projeto é liderado pelo bilionário e CEO da companhia, Lei Jun. O investimento inicial será de US$ 1,5 bilhão, disse a empresa, sem dar detalhes sobre sua estratégia, que pode se concentrar em manufatura ou software. Ou nos dois. A conterrânea Huawei segue o mesmo caminho. Segundo fontes ouvidas pela agência Reuters, já há negociações com pelo menos duas montadoras para os veículos elétricos, que podem ser lançados ainda em 2021. Assim, os modelos de negócios das chinesas estão no modo ‘recarregar’.