Como um engenheiro e consultor se tornou gestor de fundos?
Eu me formei pelo Instituto Militar de Engenharia e fiz um MBA em Harvard. Após me formar, fui trabalhar como consultor na Bain & Co., onde permaneci por oito anos. Sempre me interessei por essa área de investimentos e gestão de recursos. Por formação e experiência, sou muito orientado por processos. E percebi que poderia agregar valor às decisões de investimento com essa abordagem.

Como isso funciona na prática?
Nossa gestora tem R$ 1,3 bilhão em recursos administrados. Parte da gestão é de family offices. Temos um fundo, o Charles River Fia, que começou em 2011 como clube de investimentos e foi convertido em fundo em novembro de 2014.

Qual a estratégia?
É um fundo de ações com estratégia long only, ou seja, compramos ações por períodos longos, e principalmente papéis brasileiros. Digo principalmente porque fazemos movimentos pontuais em mercados externos.

Quais as principais posições?
Uma delas é a metalúrgica Tupy. Investimos nela desde 2013. A empresa tem uma posição estratégica muito boa, é fornecedora chave para muitas fabricantes de motores em diversos países e é líder do setor no hemisfério ocidental. Ela fez duas aquisições estratégicas. Em abril comprou a MWM, que ampliou o escopo de suas atividades junto aos clientes. E no ano passado ela adquiriu a Teksid, uma concorrente, e com isso aumentou sua escala.

Além dela?
Outra ação de que gostamos é a BrasilAgro. Ela transforma terras agrícolas. Compra glebas originalmente usadas para mineração ou pecuária extensiva e as transforma. Corrige o solo, desenvolve, e após um período de cinco a sete anos ela vende os lotes e parte para outra aquisição. A empresa está fazendo isso há mais de 15 anos, e obtém taxas internas de retorno (TIR) de dois dígitos. A ação vem sendo negociada com desconto em relação ao valor das terras.

Como investir no seu fundo?
Estamos nas principais plataformas. Nossa aplicação mínima é de R$ 5 mil, e o fundo cobra taxa de administração de 2% e taxa de performance de 20% do que superar o Ibovespa.

NOTA
RBR lança FII voltado para ações de shopping centers

Ricardo Reis

A gestora de recursos RBR, especializada em ativos imobiliários, está lançando um fundo dedicado a aproveitar o desconto elevado dos títulos e das ações de shopping centers. Apesar da classificação, pelo estatuto o RBR Equity FII poderá adquirir ações de shopping centers. Será um fundo exclusivo, que terá um único investidor, o fundo de fundos multiestratégia RBR Alpha (RBRF11), da própria RBR. Segundo o sócio da BRB, Bruno Nardo, o novo fundo começará representando 1,5% da carteira do RBR Alpha, e esse percentual pode chegar a 10%. “A meta é permitir ao investidor aproveitar o potencial de valorização das ações de shopping centers, que estão muito desvalorizadas”, disse Nardo. Um exemplo são os papéis da Aliansce Sonae. No fim de 2019 a empresa realizou uma oferta subsequente a R$ 43 por ação, e atualmente os papéis estão cotados a R$ 17. “As ações teriam de subir 200% para retornar aos níveis anteriores à pandemia, e os resultados têm sido bons”, disse ele.

EM ALTA
7,5%

Foi a alta no número de registros de inadimplentes no mês de maio ante os dados registrados em abril, conforme levantamento da Boa Vista realizado em todo o território nacional. Foi a quarta alta mensal consecutiva, considerando dados dessazonalizados. Já na comparação do trimestre móvel terminado em maio, ante o trimestre encerrado em fevereiro, a elevação chega a 12,1%. Comparado ao resultado obtido em maio do ano passado, a alta acumulada chega a 12,4%.

EM BAIXA
71,2%

Foi a queda da captação líquida dos cinco maiores ETFs (Exchange Traded Funds) de ações nacionais em maio comparado ao mês anterior, segundo levantamento do site ETF Data da Teva Índices. Conhecidos por serem instrumentos fáceis e baratos para diversificar carteira de investimentos, os fundos passivos que replicam índices de ações ou renda fixa são negociados por meio de corretoras. Em maio, esses cinco ETFs de ações captaram juntos R$ 61,7 milhões.