O que parecia ser um bom negócio mostrou-se um erro grave. Para a Embratel e Intelig, as duas únicas operadoras de telefonia de longa distância do País, a opção por abrir mão do esquema de cobrança conjunta (co-billing) de tarifas está custando muito caro. Ambas estão com índices de inadimplência mais altos do que o previsto antes da privatização do sistema Telebrás. Só no ano passado, as duas empresas perderam pelo menos R$ 600 milhões referentes à inadimplência de usuários, segundo cálculos do mercado. Elas não podem suspender diretamente os serviços dos usuários em débito, como fazem as companhias regionais. O consumidor, que dependendo do caso tem até cinco contas para pagar, não tem quitado muitas delas, seja por acúmulo de ligações ou mesmo por duvidar dos valores cobrados e, quando paga, opta pelas operadoras locais que simplesmente cortam os serviços em caso de débito.

?Estamos de olho firme nessa rubrica?, afirma Ricardo Kobayashi, analista do setor de telecomunicações do banco Pactual. Ele se refere à provisão de R$ 551 milhões, equivalente a 8% do faturamento do ano passado, feito pela Embratel para créditos de liquidação duvidosa, ou seja, para não pagamentos. ?Mas nem tudo isso se refere à inadimplência pura, há muitas fraudes e ligações internacionais feitas por companhias irregulares?, afirma um funcionário da empresa. A Intelig limitou-se a informar que a inadimplência está ?um pouco acima da média? das operadoras locais e já fechou contratos com a Telemar e Brasil Telecom para voltar a cobrar em conjunto as faturas de serviços. ?A concorrência foi levada ao extremo e as duas apostaram alto para não dividir dados dos clientes nem com as regionais, nem entre elas?, resume Almir Munhoz, presidente do Sindicato dos Telefônicos de São Paulo.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) acusa as duas companhias de cavarem suas próprias covas. ?É o ônus de quem optou pela exclusividade?, destaca Edmundo Matarazzo, superintendente de serviços públicos da agência.