A Califórnia, considerada a quinta maior economia do mundo e ponta de lança da luta contra o aquecimento global, se comprometeu oficialmente nesta segunda-feira (10) a gerar uma energia “100% limpa” até 2045, em um gesto que desafia o presidente Donald Trump, cético sobre as mudanças climáticas.

“Com esta lei, a Califórnia está no caminho de cumprir os objetivos do Acordo de Paris e, inclusive, ir mais além”, declarou o governador democrata, Jerry Brown, antes de assinar a lei aprovada pelos legisladores californianos.

“Não será fácil, não será imediato, mas tem que ser feito”, destacou.

Até agora nos Estados Unidos apenas o arquipélago do Havaí, diretamente ameaçado pelo aumento do nível da água do Oceano Pacífico provocado pelo aquecimento global, havia adotado uma política voluntária.

Vinte países tomaram medidas similares, mas nenhum tem a envergadura econômica ou o peso político da Califórnia, o estado mais povoado dos Estados Unidos, com 40 milhões de habitantes.

“A Califórnia, enquanto uma das economias mais prósperas, passa ao ataque em matéria de mudança climática. Espero que França e Alemanha também se mostrem mais ambiciosas, porque todos devemos fazer mais coisas”, declarou Jerry Brown à AFP.

“Não tenho palavras para mostrar a importância de um estado tão grande e influente como a Califórnia se comprometer com uma energia 100% limpa”, afirmou Michael Brune, diretor do Sierra Club, uma das organizações ambientalistas mais antigas do país.

Sob a influência de Jerry Brown, promotor das energias renováveis desde o seu primeiro mandato como governador, na década de 1970, apoiado por outros 16 estados e cidades americanas, a Califórnia se tornou defensora da luta contra o aquecimento global.

A lei adotada estipula que toda a energia elétrica distribuída pela rede estadual terá um “balanço neutro de carbono” até 2045. Além disso, 50% da produção energética do estado terá que sair de fontes de energia renovável até 2025, e 60% até 2030.

O restante da produção de energia também poderá ser fornecida por outras fontes, sempre que não emitam gases de efeito estufa na atmosfera.

Segundo os especialistas, as energias solar e eólica representam 8% da produção de eletricidade nos Estados Unidos, e quase 20% na Califórnia.

“A Califórnia sempre estará na vanguarda da luta contra a mudança climática, não importa quem esteja na Casa Branca”, declarou o senador do estado Kevin de León, que apresentou esta lei inovadora.

Além de proteger o meio ambiente, a lei também “impulsionará a economia” da Califórnia e “criará milhares de postos de trabalho”. “Já existem 10 vezes mais empregos neste setor na Califórnia do que na exploração das minas de carvão em todo os Estados Unidos”, continuou De León.

A geração de energia elétrica representa atualmente 16% das emissões de gases de efeito estufa da Califórnia.