Pesquisadores recentemente identificaram que a voz da mãe para um bebê pode até mesmo ter efeitos analgésicos. Contudo, agora uma nova pesquisa mostra que cães reagem à voz de seus donos como bebês reagiriam – neurologicamente – à voz de seus pais.

Diversas pesquisas anteriores mostraram que, mesmo que cães não entendam realmente nossa fala, eles reagem à voz de humanos, principalmente seus donos. Agora, um novo estudo publicado no periódico NeuroImage mostra que os cães têm uma ativação do centro de recompensa do cérebro quando ouvem a voz de seus donos.

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Para avaliar e testar isso, os pesquisadores não só observaram o comportamento de 14 cães de raças diferentes, como também realizaram ressonâncias magnéticas nos animais enquanto eles ouviam as vozes de seus donos. Os cientistas então compararam os resultados com aqueles que os cachorros tinham quando ouviam a voz de uma pessoa familiar, que não seus donos.

O resultado é que os cachorros reagem à voz dos donos de forma semelhante à que bebês reagiriam à voz dos pais.

Pesquisas realizadas entre 2012 e 2016 já mostraram, ademais, que uma região dos cérebros dos cães relacionada ao processamento de sons (chamada núcleo caudado) reage diretamente a estímulos humanos, como sinais de mãos e elogios. Agora o novo estudo reforça a relação entre a voz humana e a reação fisiológica dos caninos, mostrando também a intensidade da relação entre dono e cão.

Apesar de latirem, cães não são animais capazes de vocalizar, como baleias, papagaios e, recentemente descobertos, patos. Contudo, nós humanos somos capazes de executar essa habilidade, que aliás é parte essencial da evolução humana como sociedade.

Acontece que os cachorros têm evoluído junto à espécie humana há quase 100 mil anos, de acordo com certas pesquisas. Isso, portanto, é tempo suficiente para a seleção natural começar a mostrar adaptações destes animais à convivência com humanos.

Ademais, os próprios humanos causaram diversos processos de seleção de raças e características nos cães. Por esse motivo, inclusive, temos tantas raças e características diferentes em nossos pets caninos, por seleção artificial. De quebra, também, podemos ter selecionado essa habilidade, pela qual cães reagem à voz de humanos.

O que a nova pesquisa mostra, por conseguinte, é uma correlação entre a proximidade do animal com a pessoa e a intensidade da relação. Isso porque quanto mais próximo era o cão da pessoa testada, no estudo, maior a atividade do núcleo caudado do cãozinho.