O sobrediagnóstico do câncer de tireoide está em “rápida expansão” no mundo e já teria afetado mais de 1 milhão de pessoas em dezenas de países, aponta um estudo da agência contra o câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O sobrediagóstico, cujo aumento é observado nas últimas décadas, consiste em diagnosticar cânceres que têm poucas chances de provocar sintomas ao longo da vida ou a morte do paciente. Ele afeta principalmente as mulheres de meia-idade e às expõem a males desnecessários, como a extração completa da glândula e tratamentos permanentes.

O estudo, publicado na “The Lancet Diabetes & Endocrinology”, envolveu 26 países e foi dirigido por cientistas do Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (Circ/Iarc), com sede em Lyon, França, em colaboração com o Instituto Nacional do Câncer de Aviano, na Itália.

Mais de 1 milhão de pessoas podem ter sido sobrediagnosticadas com câncer de tireóide entre 2008 e 2012 nestes 26 países.

A proporção estimada de casos de câncer de tireóide entre mulheres atribuível a um sobrediagnóstico entre 2008 e 2012 foi de 93% na Coreia do Sul, 91% em Belarus, 87% na China, 84% em Itália e Croácia e 83% em Eslováquia e França.

Entre 2008 e 2012, os sobrediagósticos entre as mulheres afetariam 390 mil na China, 140 mil na Coreia do Sul, 120 mil nos Estados Unidos, 31 mil na Itália e 25 mil na França. Segundo o estudo, a incidência do câncer de tireóide seguiu aumentando entre 1998-2002 a 2008-2012 em todos os países estudados.

Os resultados do estudo “apontam fortemente que a grande maioria dos diagnósticos de câncer de tireoide no mundo se deve a um sobrediagnóstico”, assinala o médico Salvatore Vaccarella, do Circ, que conduziu o trabalho.

O especialista destacou a necessidade urgente de acompanhar de perto a evolução mundial do sobrediagóstico, visto o seu alcance, e “o impacto das diretrizes recentes, que, agora, recomendam explicitamente que não se detecte este tipo de câncer em pessoas assintomáticas”.

Em estudo anterior, o Circ estimou em mais de meio milhão o número de pessoas que teriam recebido um sobrediagnóstico de câncer de tireoide entre 1988 e 2007 em 12 países ricos.