O ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera Mano Filho, é um homem do campo. Empresário rural, divide seu tempo, hoje, entre a administração das seis fazendas que a família possui no interior de São Paulo, o manejo de 17 mil cabeças de gado e a preparação de novos saltos no mundo dos negócios. ?Estamos estreando na área industrial?, anuncia Cabrera. Mais especificamente na agroindústria, com a fabricação de ração animal feita a partir do bagaço de cevada. Além disso, pretende tirar da gaveta projetos que vêm amadurecendo desde os tempos de ministro. O mais ambicioso deles envolve uma antiga paixão pelos livros, que o guiou ao mesmo caminho de outro empresário, José Mindlin, ex-Metal Leve. Verdadeiro mecenas do campo, Cabrera está montando na paulista São José do Rio Preto uma das maiores bibliotecas privadas do País. São 45 mil títulos raros, garimpados em leilões nas principais casas do mundo como Sotheby?s e Christie. ?Queremos que este acervo fique à disposição da comunidade e tenha o tratamento histórico que merece.?

A biblioteca será erguida em uma área de seis mil metros quadrados e vai consumir investimentos de R$ 3,5 milhões. O projeto foi concebido com a ajuda de técnicos do Massachusetts Institute of Technology (MIT). ?Fui buscar o que há de mais moderno neste campo?, conta Cabrera. A área interna será climatizada e o ar, filtrado ? para não prejudicar a conservação das peças. Um complexo sistema de fibras ópticas garantirá a iluminação. Antes de se integrar ao acervo os itens vão passar por um período de restauração e quarentena para evitar contaminações. Tanto capricho tem explicação. No prédio será instalada a coleção reunida por três gerações da família. Uma das ?jóias? é a primeira edição da Bíblia escrita por Martin Lutero, em 1534, avaliada em US$ 500 mil. No campo industrial, o ex-ministro uniu-se à Kaiser e à Brahma para fabricar ração animal. As duas cervejarias entram com a matéria-prima, o bagaço de cevada. ?Fomos buscar a tecnologia na África do Sul?, conta Cabrera. Com todas as etapas preliminares resolvidas, o empresário sacou R$ 12 milhões para montar fábricas. A primeira foi erguida no Rio de Janeiro em abril e já entrou em operação. Em 2001 será instalada nova unidade no Rio e outra em Ponta Grossa (PR). Sobre uma possível volta ao mundo político, Cabrera é categórico: ?Já dei minha contribuição. E não sinto saudades do poder?.