Vinte dias. Esse é o período entre a ideia de um estilista e a venda de uma roupa na rede de departamentos Riachuelo. São 480 horas de processos de criação, desenhos, protótipos, manufatura da peça, envio para o centro de distribuição (CD), separação, envio para a loja e a venda ao consumidor. No meio de tudo isso, tecnologia, tecnologia e mais tecnologia. Desde a pesquisa de tendências até a venda. “Tecnologia é ativo estratégico da empresa. Não vendemos uma unidade de valor, comercializamos a experiência do cliente”, afirmou à Carlos Alves, diretor-executivo de Tecnologia da Riachuelo.

A companhia potiguar, que completa 70 anos em 2022, trabalha para diminuir ainda mais o tempo entre a ideia da roupa e a chegada ao cliente. Para isso, tem um time de 850 engenheiros de computação. Em 2018 eram 150. Esse movimento explica a transformação. Um dos destaques da jornada de inovação é o sistema de gerenciamento de armazém WMS (Warehouse Management System) e o processo de reposição de mercadoria, que é 100% automatizado no Centro de Distribuição de Guarulhos (SP). A companhia tem outros dois em Natal e Manaus, que também têm recebido investimentos.

850 engenheiros de software trabalham diretamente em processos digitais para diminuir o tempo entre a ideia da roupa e a venda

Funciona assim: quando os caminhões da Transportadora Casa Verde, de propriedade da Riachuelo, chegam ao CD carregados com os produtos das fábricas, robôs, esteiras e cabideiros controlados por um buffer entram em ação para levar cada item para um espaço específico do galpão. Já para a entrega desses itens às lojas, uma vez por dia, geralmente entre às 4h e 5h, o software proprietário de abastecimento executa sua inteligência e cria uma lista de picking (necessidades) baseada na rotina e performance de venda dos produtos que precisam ser repostos. Essa lista entra no setor de logística às 6h. Os produtos seguem pelas esteiras e cabideiros até chegar nos caminhões para a saída. “Temos um processo de roteirização inteligente no qual utilizamos a camada de transporte para montar o melhor roteiro para abastecimento das lojas”, disse Carlos Alves.

No ano passado, apenas o CD de Guarulhos expediu 57 milhões de peças para as lojas. São mais de 100 peças por minuto. “Além da automação dos CDs, que chamamos de estoque central, as lojas também possuem essa automação, que é o que chamamos de Active Omni.” Dessa forma, a Riachuelo é cada vez mais uma empresa de tecnologia que vende roupas e cada vez menos uma empresa de vestuário que usa tecnologia.