A primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrentará mais uma derrota política em meio às negociações do Brexit: a gigante Unilever, dona de um faturamento de US$ 58,3 bilhões, deixará sua base de Londres e escolheu Roterdã, na Holanda, como sede única da empresa. Até agora, o QG da empresa estava dividido entre as duas cidades. Apesar de todas as especulações, a empresa garante que a saída britânica do bloco europeu não influenciou a decisão, que tem caráter “estratégico.” Mas o estrago político já está feito para May, que tenta provar que as ilhas britânicas ainda são atraentes mesmo após a decisão de abandonar a União Europeia.

Em 2017, a multinacional de bens de consumo saiu ilesa de uma tentativa agressiva de compra pela Kraft-Heinz. Na época, Paul Polman, o CEO da companhia, que classificou o episódio como “uma experiência de quase morte”, redefiniu sua estratégia. Diante de uma queda continua de venda de seus produtos, que vão de margarina a sabonete, ela passou a focar em aquisições. Para facilitar os futuros negócios, escolheu ter uma só sede. Como mais da metade do capital da Unilever (55%) já era holandês, o destino acabou sendo óbvio. “Nós escolhemos a Holanda porque, no final do dia, a empresa holandesa é um pouco maior que britânica”, afirmou o Graeme Pitkethly, o chefe financeiro da empresa, à agência Bloomberg.

A empresa não sairá completamente do Reino Unido e manterá as operações de produtos de saúde e casa no país. Suas ações também continuarão listadas na bolsa de Londres, Amsterdã e Nova York. Por meio de nota, a direção garantiu que os empregos dos mais de sete mil funcionários na Inglaterra não serão afetados. Porém, a Unilever não é um caso isolado. Várias instituições, principalmente financeiras, anunciaram que vão deixar Londres como cidade-sede. Na lista, estão UBS, Bank of America e HSBC, maior banco da Europa. O governo britânico mantém o discurso de que o Brexit não será um empecilho para os negócios, citando que Airbus e Toyota se comprometeram a ficar no Reino Unido. Por ora, o bye-bye da Unilever pode derrubar a popularidade de Theresa May.