A relação da BYD com o Brasil não é assim tão longa. Começou em 2015, mas o período foi suficiente para a montadora chinesa expandir a atuação por diversos segmentos e regiões. Da primeira fábrica, em Campinas (SP), para a produção de chassi de ônibus elétricos, à terceira, em Manaus, para a fabricação de pack de baterias. Os investimentos já realizados superam os R$ 400 milhões com a perspectiva de novos aportes diante do crescimento dos negócios de automóveis eletrificados. “A BYD escolheu o Brasil para ser o primeiro país fora da China a ter uma operação de veículos”, afirmou à DINHEIRO Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil. “Não temos limitação na questão de investimento. Basta o mercado nos guiar para onde tem demanda.”

A subsidiária brasileira espera corresponder às expectativas da maior fabricante de carros elétricos e híbridos plug-in da China. O cartão de visita aos consumidores foram o SUV Tan e o sedã Han, modelos 100% elétricos lançados em março e abril, respectivamente. O primeiro teve 35 unidades vendidas desde então, apesar do preço inicial de R$ 474,6 mil na aquisição diretamente da fábrica. Já o segundo esgotou em um mês o primeiro lote de pré-venda, com 50 exemplares, ao custo unitário de R$ 539,9 mil.

Os premium Tan e Han são considerados embaixadores da bandeira no País, mas não a aposta para conquistar o mercado. A expectativa da BYD para ganhar volume de vendas está no SUV híbrido plug-in Song Plus. O modelo será importado da China com lançamento previsto para agosto, além de estar cotado para uma possível produção local. Para isso, a montadora pretende atingir a marca de 1 mil a 1,5 mil unidades comercializadas por mês. A estimativa é que esse montante seja alcançado até o fim de 2023. “Pretendemos vender até 20 mil carros (no geral) no ano que vem”, disse o executivo. Neste ano, a marca prevê colocar no mercado 2 mil exemplares.

PORTFÓLIO EM CRESCIMENTO SUV Tan registrou 35 vendas desde o lançamento em março e segue com um dos embaixadores da marca no mercado nacional. (Crédito:Divulgação)

Apesar de admitir a possibilidade de produção local “para futuro próximo”, Antunes evita confirmar suposto interesse da BYD na aquisição da planta industrial da Ford, na Bahia. As instalações em Camaçari estão à venda após a montadora americana encerrar a fabricação no Brasil, no ano passado. “Temos conversado com os responsáveis por diversas fábricas disponíveis no País e com estados interessados em receber a BYD, mas não temos definição em relação a estado A, B, C, D ou sobre uma fábrica A, B, C.”

Antes há uma lição de casa, a expansão da rede de concessionários. Na visão do executivo, é estratégia fundamental para a companhia atingir a meta de vendas. Atualmente, a BYD tem 14 concessionárias em construção em quase todas as regiões do País. A ideia é que todas estejam em funcionamento até agosto para, já com o início da segunda fase da expansão, alcançar 45 pontos de comercialização até o fim de 2022.

GLOBAL O crescimento da BYD no Brasil é reflexo da expansão dos negócios em âmbito mundial. A marca alcançou vendas de 100 mil unidades mensais nos últimos três meses. O presidente global Wang Chuanfu revelou que o movimento de eletrificação da indústria automotiva tem progredido mais rápido que o previsto. Esse incremento reflete na valorização da companhia. Segundo a plataforma Companies Market Cap, que faz estudo diário sobre informações do mercado financeiro, a BYD se tornou a terceira montadora mais valiosa do mundo – US$ 133,2 bilhões, na quarta-feira (22) –, ultrapassando a Volkswagen, em quarto lugar – US$ 102,5 bilhões. A Tesla lidera (US$ 733,7 bilhões), seguida pela Toyota, em segundo (US$ 219,2 bilhões). Um sinal de que a energia corre sem parar na linha de produção da gigante chinesa.