O exército nigerino continua, nesta segunda-feira (10), a busca pelos autores do ataque, considerado como “terrorista” por Niamey e Paris, no qual morreram oito pessoas no domingo, incluindo vários trabalhadores humanitários franceses.

“Uma investigação e operações de rastreamento, em colaboração com nossos parceiros (franceses), continuam em andamento para encontrar os autores desses ataques terríveis e reforçar a segurança na área”, disse nesta segunda o Ministério do Interior do Níger.

Segundo as autoridades do país africano, seis franceses e dois nigerianos (o motorista e o guia turístico) foram mortos no domingo por um grupo de homens armados 60 quilômetros a sudeste de Niamey, durante uma excursão turística em uma área onde vivem rebanhos de girafas.

Os assassinatos não foram reivindicados por nenhum grupo, mas ocorreram em um país marcado pela instabilidade e onde atuam vários grupos jihadistas, incluindo o Estado Islâmico do Grande Saara (EIGS).

O exército francês confirmou que ajuda as tropas nigerinas, através de patrulhas aéreas, na busca pelos autores do ataque que fugiram nesta vasta região onde se encontram as últimas manadas de girafas na África Ocidental.

A Promotoria francesa de contraterrorismo anunciou nesta segunda-feira que abriu uma investigação por “homicídio em conexão com um projeto terrorista” e “associação terrorista”, embora não tenha confirmado o número exato de vítimas francesas.

– Ataque “terrorista, covarde e bárbaro” –

O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou o ataque como “covarde” e afirmou que disponibilizará “todos os meios” necessários para “elucidar” as circunstâncias do “atentado”, segundo um comunicado da Presidência francesa.

Macron também conversou por telefone com seu homólogo nigerino, Mahamadu Isufu, e garantiu que mantém “intacta” sua “determinação de continuar com a luta em comum contra os grupos terroristas em Sahel”, onde 5.100 soldados franceses estão implantados na Operação Barkhane.

O presidente francês vai presidir um duplo conselho de defesa na terça-feira, um deles dedicado especificamente à situação no Níger.

“O ataque ocorreu às 11h30 locais (07h30 no horário de Brasília) a cerca de seis km ao leste da cidade de Kouré”, que fica a uma hora de carro de Niamey, explicou à AFP uma fonte próxima aos serviços de meio ambiente.

“A maioria das vítimas foram mortas a tiros e uma mulher que conseguiu fugir foi presa e degolada”, disse a mesma fonte.

A AFP obteve fotos que mostram os corpos das vítimas, um deles queimado e outro com ferimentos no rosto, e o veículo com buracos de bala e parcialmente incendiado.

De acordo com as fontes oficiais, os trabalhadores humanitários assassinados faziam parte da ONG Acted, presente no Níger desde 2010, onde ajuda pessoas deslocadas e conta com 200 funcionários, disse o advogado da ONG, Joseph Breham, à AFP.

Segundo Breham, a ONG francesa fará uma denúncia em Paris para tentar esclarecer o ataque.

“Vamos entrar com uma ação criminal para esclarecer o ocorrido, para que as famílias saibam exatamente o que aconteceu, se foi um ataque por uma oportunidade ao acaso, se foi planejado ou se pode acontecer novamente”, disse o advogado em entrevista coletiva.

Frédéric Roussel, co-fundador da ONG, destacou que “Acted não é um alvo, que eu saiba” dos grupos jihadistas presentes no Níger.

Este é o primeiro ataque contra ocidentais na região de Kouré, considerada segura pelas autoridades e ONGs e transformada em um local turístico pela presença de uma manada de girafas.

Entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, cerca de 200 soldados nigerinos morreram devido à ataques de grupos jihadistas.