Analistas do BTG Pactual disseram que o leilão de transmissão de energia desta segunda-feira, 24, foi bem mais disputado que o de outubro do ano passado e que o Brasil, “o principal vencedor da disputa”, atrairá R$ 12,7 bilhões em investimentos a serem implantados nos próximos quatro anos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) conseguiu atrair interessados para 31 dos 35 lotes ofertados e 97% dos lotes receberam ofertas. “Então, parece que o vencedor claro do leilão de hoje é o País”, resume a equipe de análise.

Para comparação, no ano passado, o desconto médio ponderado para os retornos máximos permitidos para as linhas ofertadas foi de 12,3%. No leilão de hoje, esse porcentual saltou para 36,3%, diz o comentário do BTG Pactual. Além disso, em 2016, oito grupos diferentes venceram alguma disputa, o equivalente a um a cada três linhas, ao passo que, desta vez, foram 16 grupos diferentes, de um total de 35 lotes.

“A maioria dos retornos não pareceu assertiva”, diz o comentário do BTG Pactual. Por outro lado, os analistas ponderaram que todos os vencedores do leilão que têm ações na bolsa de valores possuem histórico de disciplina financeira.

A conquista da Equatorial tem um retorno potencial interessante. Já as da Cteep se concentram em São Paulo, onde a empresa domina o negócio de transmissão. A Alupar, por sua vez, pode estar enxergando investimentos e despesas operacionais mais em conta, na comparação com o edital. A Energisa venceu dois lotes, sendo que em um deles opera no segmento de distribuição, o que indica que haverá sinergias. Quanto à EDP (Energias do Brasil), os analistas escreveram: “Vamos conversar com a EDP para entender a sua visão sobre o lote 18”. Acrescentaram que os resultados dos lotes 7 e 11 devem ser analisados em conjunto.

“Apesar de acreditar que a maioria dos participantes é disciplinada, experiente e provavelmente está enxergando soluções diferentes daquelas apresentadas pelo regulador, a realidade é que o ambiente se tornou mais competitivo. Em outubro de 2016, as empresas não precisaram se ‘explicar’ tanto, porque os retornos pareciam realmente bons”, diz o comentário. “Hoje as empresas – que, mais uma vez, são experientes e disciplinadas – terão de explicar aos seus acionistas como vão desbloquear o valor com os investimentos.”