O presidente do BTG Pactual Asset Management e ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse esperar um desempenho melhor da economia brasileira a partir do ano que vem, com uma expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de 2,0% a 2,5%. O suporte para isso, na sua avaliação, será o ambiente de juros mais baixos, combinado a uma agenda de reformas estruturais e privatizações, na sua avaliação.

“É possível ter uma performance melhor no ano que vem”, afirmou há pouco, durante palestra realizada no fórum de fundos de investimentos imobiliários organizado pelo GRI Club. “O crescimento virá. O ambiente de juros mais baixos, combinado ao processo de reformas e de privatização, trará investimentos do setor privado. Sou otimista em relação à capacidade de atração de investimentos”, afirmou.

Guardia apontou que é importante o governo seguir perseguindo o caminho das reformas estruturais, o que já está ocorrendo, embora o “timing” de conclusão ainda não seja preciso, pois depende de uma articulação que envolve o Executivo e o Legislativo. No caso da agenda de privatizações, ele explicou que esse é um passo importante não para ajudar a reduzir o déficit fiscal, mas sim para ampliar a capacidade de investimentos em setores estratégicos, como energia, petroquímica e saneamento. Nessas áreas, a necessidade de investimentos supera a capacidade de aportes das empresas públicas, na sua avaliação. “Reduzir o tamanho do Estado é fundamental para retomar confiança na economia brasileira”, defendeu.

O líder do banco de investimentos observou ainda que a carga tributária no País é alta e geradora de insegurança jurídica. Portanto, a reforma tributária é vista como fundamental para aumentar a produtividade e a competitividade das empresas nacionais, argumentou. Segundo ele, essa reforma não deve ser usada como forma de ajudar a diminuir o rombo das contas públicas, já que não há espaço para aumento de impostos, opinou. “Não vamos resolver a questão fiscal pelo aumento da carga tributária”, disse.

Guardia enfatizou que os principais empecilhos para a retomada do crescimento econômico são a questão fiscal, o ambiente de negócios burocrático e a carga tributária pesada. “O problema fundamental que precisa ser enfrentado é a questão de competitividade e produtividade. Em 1980, o trabalhador brasileiro tinha 45% da produtividade do trabalhador americano. Hoje, isso caiu para menos de 25%. Já na China esse patamar saiu de menos de 10% para mais de 30% no mesmo período”, citou como exemplo.

O ex-ministro da Fazenda também criticou que o Brasil continua sendo uma economia fechada, com, por exemplo, taxas altas, o que dificulta as importações de máquinas e equipamentos. “A abertura da economia brasileira nos permitiria exportar e importar mais”, defendeu.