Ao longo dos séculos 17, 18 e 19, o Brasil foi sacudido por inúmeras revoltas e movimentos emancipatórios, que tinham como alvo a Coroa Portuguesa e o Império Brasileiro. Nos livros de história, porém, muitas destas iniciativas ganham pouco destaque ou sequer são mencionadas. É o caso da Revolta dos Malês que sacudiu a cidade de Salvador, em 24 de janeiro de 1835. O movimento foi liderado por africanos escravizados praticantes da religião muçulmana e produziu heróis e heroínas do porte de Jorge da Cunha Barbosa, José Francisco Gonçalves e Luiza Mahin, mãe do advogado Luiz Gama, o Patrono da Abolição.

E são histórias como esta que servem de roteiro para os jogos desenvolvidos pela Strike Games, baseada em Salvador. Apesar de ter sido formalizada apenas no ano passado, a startup surgiu em 2010. “Começamos com foco em games de entretenimento, mas acabamos descobrindo que seríamos mais competitivos se apostássemos no mundo da educação”, conta Alexandre Santos, 38 anos, CEO da empresa e graduado em desenho industrial, programação visual e urbanismo pela UNEB.

De fato. O mercado de games no Brasil não para de crescer e fechou 2018 com faturamento de US$ 1,5 bilhão, montante 15,3% maior que o obtido no período anterior. De acordo com o censo realizado pela Indústria Brasileiro de Jogos Digitais (IBJD) haviam 142 empresas, em 2014, e hoje são 375. Cerca de 60% dos games produzidos têm caráter educativo. Para encurtar o caminho até o mercado, Alexandre correu atrás de recursos de incentivos fiscais. Foi graças ao apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia que ele lançou o Sociedade Nagô – Resgate, game sobre a Revolta dos Malês. A continuação da saga (Sociedade Nagô – Início), contou com o suporte da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Em novembro de 2018 foi a vez de a Revolta dos Búzios – 220 Anos, em alusão ao aniversário do movimento que ficou conhecido, também, como Revolta dos Alfaiates. Este último jogo marca a guinada da Strike Games. “Investimos R$ 20 mil na aquisição de equipamentos e na formalização da empresa”, diz.

Os recursos vieram das economias amealhadas por Alexandre, que durante muito tempo acumulou a carreira de empreendedor, prestador de serviços na área de games e a de professor de game design no Senai-Cimatec, em Lauro de Freitas, cidade da Região Metropolitana de Salvador. A vivência no meio acadêmico e também nos movimentos sociais acabaram ampliando seu raio de ação. “Deixamos de ser apenas mais um desenvolvedor para nos tornarmos líderes no segmento educacional focado na história negra”, conta o CEO da Strike Games.

Foi graças a estes contatos e a aposta neste tema que Alexandre conseguiu a parceira com o cantor e compositor Antônio Carlos Gomes Conceição, o Tonho Matéria, que cedeu as músicas utilizadas no jogo Revolta dos Búzios – 220 Anos. Além disso, a startup já vem trabalhando em conjunto com potenciais parceiros de outras cidades, como os gestores da carioca FazGames, focada em jogos educativos.

Hoje, o modelo de negócios adotado pela Strike Games é baseado na venda de serviços de treinamento de professores. “Os games são disponibilizados gratuitamente em lojas de aplicativos. Nossa remuneração vem do serviço de consultoria”, explica Alexandre. “A consultoria é importante porque permite aos educadores extrair o máximo de cada jogo”. O trabalho é feito pelo empreendedor e mais dois auxiliares: Vanessa Rios, formada em pedagogia, e Victor Mamede, graduado em administração e letras. Para ganhar musculatura e seguir investindo no crescimento da empresa, Alexandre não descarta a entrada de um sócio investidor. Esta é a nossa meta para 2019″, diz.

Com ou sem o reforço de caixa vindo de fora, o empreendedor soteropolitano aposta no crescimento da empresa. Para cumprir a etapa de fechar 2020 com receita de R$ 120 mil, ele conta com o engajamento dos colaboradores. “A equipe é pequena, mas é bastante focada e capacitada para o trabalho. Este é um de nossos diferenciais”, aposta o CEO da Strike Games.

Clique aqui para conferir o teaser promocional do game