Com a Cordilheira dos Andes ao fundo e arquitetura tão futurista que poderia servir de cenário para um filme de ficção científica, a vinícola O. Fournier mudou a paisagem do Valle de Uco, em Mendoza, Argentina. Idealizado pelo banqueiro espanhol José Manuel Ortega Fournier como um complexo enoturístico com restaurante de alta gastronomia, hotel de luxo (ainda não construído) e um ambicioso condomínio vitivinícola que atraiu vários brasileiros, o projeto começou a ganhar forma no ano 2000. Em 2018, após meses de negociação, tanto a propriedade de 263 hectares quanto o vinho que ainda estava estocado (a capacidade é de 1,2 milhão de litros) foram adquiridos pela família Agostino. A empresa ganhou o nome Alfa Crux, que já era usado em rótulos do antigo proprietário. Aos vinhos que já estavam prontos somaram-se novidades como o interessante Crux Tempranillo 2018, marca criada pelos novos donos.

No comando da produção está o enólogo German Paes, que trabalhou por sete anos na vizinha Zuccardi, bem conhecida dos brasileiros. Segundo Paes, esse Tempranillo se diferencia dos espanhóis por diversas razões. Os vinhedos, a 1,2 mil metros de altitude e colados à Cordilheira, enfrentam maior variação de temperatura, o que aporta mais aromas e coloração violácea, viva. Além disso, a condução das videiras se ajusta às necessidades de insolação e calor de cada planta. “Aferimos o ponto de colheita para evitar taninos muito secos ou menos estruturados”, disse Paes. Com importação exclusiva da Inovini, braço premium da Aurora Fine Brands, a garrafa é vendida a R$ 149. O vinho agrada por sua carga de frutas vermelhas, frescor e tensão na boca.

ESTRELA Originários de Mendoza, os irmãos Agostino fizeram fortuna com imóveis no Canadá. De volta à terra natal, em 2003, lançaram-se no mundo do vinho. Hoje o grupo controla três vinícolas: Agostino, Telteca e Alfa Crux, nome que homenageia a estrela mais brilhante do Cruzeiro do Sul. Uma cruz luminosa se destaca na imensa sala de barricas da arrojada vinícola. É lá que estagiam, por até 18 meses, os vinhos de alta gama da casa, como o Beta Crux Corte Uco II 2013 (com as uvas Malbec, Tempranillo, Merlot e Syrah) e o icônico Alfa Crux Malbec 2012, produzido em edições limitadas e fermentado em madeira. Neste último, o estilo elegante, apesar dos 14,9% de álcool, a complexidade e o potencial de evolução garantiram 92 pontos do exigente Robert Parker. Um vinho com lugar garantido entre os grandes argentinos — e que justifica o preço de R$ 549.