Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – Os preços do milho no Brasil, que estão oscilando entre 90 e 100 reais a saca de 60 kg, “mudaram de patamar” diante da crescente demanda global, e não deverão voltar ao nível anterior de 50-60 reais, o que leva a indústria de carnes a se readequar em um movimento que repassa de custos, afirmou o presidente-executivo da BRF nesta sexta-feira.

“De forma muito resumida, o milho mudou de patamar. Se no ano passado se falava 50, 60 (reais por saca), hoje estamos falando em novo patamar, hoje falamos em 90, 100, a gente não conversa mais se é 60”, afirmou Lorival Luz, em entrevista à Reuters.

Neste contexto, a indústria de carnes está reposicionando seus preços.

“Imagina um produtor: ele comprava um saco de milho por 60 reais, agora tem que comprar por 100 reais, ninguém tem margem para manter o custo do produto final, nem tem como tirar eficiência de outra coisa, então vai ter essa readequação…”, comentou.

Segundo o CEO da BRF, o milho, que responde pelos maiores custos da indústria de carnes de aves e suínos, seguirá com demanda crescente, até pela maior destinação do cereal para a produção de etanol, um setor em forte expansão no Brasil.

“Não vejo esta demanda caindo significativamente, a ponto de que faça o preço do milho voltar a patamar anterior”, afirmou, citando ainda o forte apetite da China, que tem sustentado as cotações globais.

Neste mês, após recordes acima de 100 reais a saca, os preços do milho no mercado brasileiro deram uma esfriada, na esteira de uma liquidação na bolsa de Chicago.

As afirmações do executivo foram feitas durante entrevista sobre a aquisição do grupo Hercosul, que atua em rações secas e úmidas para cães e gatos, o que coloca a BRF no caminho de ser um dos principais integrantes desse mercado.

Ele disse que BRF quer ser um dos dois líderes do mercado brasileiro de ração para pet até 2025, ressaltando que a aquisição da Hercosul, anunciada nesta sexta-feira, deve elevar a fatia da companhia no setor de 0,2% para 4%.

Esse mercado de ração para pet envolve produtos de maior valor agregado e cresce mais de 20% ao ano no Brasil, o segundo maior mercado global deste produto após os Estados Unidos.

(Por Roberto Samora)

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