São Paulo, 7 – A companhia de alimentos BRF arcou com uma perda financeira entre 11% e 13% com o valor das vendas dos ativos na Argentina, Europa e Tailândia em relação às receitas que eram geradas pelas unidades em seus respectivos países. O cálculo porcentual foi dado pelo diretor global de operações, Lorival Luz, a jornalistas durante teleconferência para comentar a comercialização dos últimos ativos pendentes, localizados na Europa e Tailândia.

Segundo Luz, as operações argentinas proporcionavam receita em torno de R$ 1,7 bilhão e, com a venda, a entrada de caixa ficou em R$ 563 milhões considerando o câmbio de 30 de dezembro de 2018. Foram comercializadas as companhias Avex, Quickfood, em dezembro, e a Campo Austral, em janeiro.

Na Tailândia e na Europa, a receita era de, aproximadamente, R$ 2,7 bilhões, de acordo com o executivo. A entrada de capital com a venda dessas unidades para a Tyson Foods é estimada em R$ 1,3 bilhão (também no câmbio de 30 de dezembro). Além disso, ainda houve o desinvestimento de uma operação brasileira, em Várzea Grande (MT), para a Marfrig por R$ 100 milhões.

Apesar da perda dessas receitas, Luz considera que as decisões tomadas (de desinvestimento) foram bem-sucedidas e estão de acordo com a estratégia de reduzir a alavancagem da BRF.

Segundo o CEO da empresa, Pedro Parente, o plano de alcançar R$ 5 bilhões foi 81% concluído e somou R$ 4,1 bilhões, considerando os desinvestimentos nos três países e a operação brasileira na cidade mato-grossense, a venda de ativos non cor, a gestão de estoques e a securitização de recebíveis.

A BRF estima que a alavancagem – razão entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) Ajustado – ficará em torno de cinco vezes no 4º trimestre de 2018, incluindo os efeitos pro forma de todas as vendas de ativos já anunciadas, e aproximadamente 3,65 vezes no 4º Trimestre de 2019, o que representa um adiamento de seis meses para o alcance das metas divulgadas no fato relevante de 29 de junho de 2018.

A próxima etapa é trabalhar para o alongamento e redução da dívida, considerando que R$ 4,256 bilhões serão amortizados neste ano e, portanto, a projeção é chegar ao quarto trimestre de 2019 com cerca de R$ 5,8 bilhões em caixa.