Papéis avulsos

A Braskem faturou 18% mais, mas lucrou 30% menos em 2018 na comparação com o ano anterior. A receita da companhia petroquímica avançou para R$ 58 bilhões. No entanto, a cifra na última linha do balanço retrocedeu para R$ 2,86 bilhões, representando um lucro por ação de R$ 3,60. Segundo Fernando Musa, presidente da empresa, a queda nos resultados teve várias causas. “Alguns eventos afetaram nossa operação, como a greve dos caminhoneiros, o inverno rigoroso nos Estados Unidos e dificuldades de acesso à matéria-prima”, afirmou Musa no relatório de resultados. Mesmo com o lucro em queda, a petroquímica deverá distribuir 100% do resultado disponível em dividendos, em um total de R$ 2,67 bilhões. A companhia, controlada pela Odebrecht, aprovou dois novos investimentos. Um deles é uma empresa na Índia. Outro é a contratação de um seguro de US$ 400 milhões junto à americana Oil Insurance Limited. Especializada no setor, a companhia tem US$ 3 trilhões segurados de empresas químicas e petroquímicas ao redor do mundo.

 

Agronegócio

Algodão tece bons resultados na SLC

A SLC Agrícola lucrou R$ 406,5 milhões no ano passado, crescimento de 10% ante 2017. Se considerado apenas o lucro líquido oriundo da operação agrícola, visto que o resultado de 2017 incorporou também um evento de venda de terras, houve aumento de 40,3% sobre 2017. O avanço no resultado de 2018 é atribuído principalmente à cultura do algodão, que registrou aumento de 8,8% na área plantada, com expansão de margens de 11,8%. As ações da empresa têm alta de 6,2% no ano.

 

Touro x Urso

A expectativa dos investidores com o sucesso do governo na aprovação da reforma da previdência manteve a trajetória ascendente do Ibovespa, que finalmente rompeu, durante a semana, a marca histórica dos 100 mil pontos. No ano o índice acumula valorização superior a 13%. A CSN sobe 84,3% em 2019. Até o dia 18 de março, foi a maior alta do índice no período.

 

Destaque no pregão

Ecorodovias perde com greve dos caminhoneiros

A Ecorodovias lucrou R$ 393 milhões em 2018, 1,8% a menos do que em 2017. A queda foi provocada principalmente pela greve dos caminhoneiros e pela isenção da cobrança de pedágio para eixos suspensos. O tráfego de veículos pagantes caiu 1,4% no ano passado. Se excluídos os eventos extraordinários acima, o movimento teria aumentado 1,7% no período. A tarifa média por veículo subiu 1,3% em 2018, abaixo da inflação do ano, devido, principalmente, à aplicação do reajuste tarifário da ECO101 que foi negativo em 4,2%. O resultado ajustado ficou em linha com as expectativas, afirma Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset. Segundo ele, os números mostram que o tráfego nas estradas vem melhorando aos poucos após as perdas com a greve. No ano, as ações da companhia têm valorização de 4,5%.

Palavra do analista:
“Esperamos melhora no fluxo de veículos ao longo de 2019 e para os próximos anos, com a recuperação da economia”, escreveu Pedro Galdi. Ele se diz otimista tanto com a empresa quanto com o setor. Sua recomendação é de compra para a ação, com um preço-alvo de R$ 11,69, expectativa de valorização de 19,2%.

 

Saúde

Qualicorp ganha mais com menos gente

A administradora de planos de saúde Qualicorp lucrou R$ 397 milhões em 2018, alta de 3,5% ante o ano anterior. Já o número de beneficiários recuou de 4,5 milhões no fim de 2017 para 2,3 milhões em dezembro passado. A dívida líquida subiu 40,4% em 2018, influenciado pelos R$ 150 milhões referentes ao acordo de não competição firmado com seu fundador, José Seripieri Filho. No ano, as ações sobem 25,9%.

 

Varejo

BR Malls liquida inadimplência

A BR Malls lucrou R$ 563,1 milhões em 2018, alta de 37,7% ante o ano anterior. A taxa de ocupação média foi de 96,7%, alta de meio ponto percentual em relação a 2017. Já a inadimplência caiu 0,9 ponto percentual e chegou a 0,4%, o menor nível desde 2010. A adminstradora de shopping centers atribui a queda dos calotes ao melhor desempenho de venda dos lojistas e também aos esforços de cobrança da equipe de recuperação de crédito.

 

 

Mercado em números

AES Tietê
R$ 2,2 bilhões – É quanto a empresa de geração de eletricidade vai captar por meio de uma emissão de debêntures para reforçar seu caixa e quitar dívidas anteriores

ALPARGATAS
R$ 129,5 milhões – É o valor proposto pelo conselho de administração da companhia de roupas e calçados para investimentos em 2019

VALID
261,4% – Foi o crescimento do lucro líquido da empresa de certificação digital em 2018 em relação a 2017. A companhia lucrou R$ 100 milhões

SOMOS EDUCAÇÃO
14,5% – Foi quanto o banco de investimentos americano Morgan Stanley adquiriu da empresa de educação básica, o que corresponde a cerca de 38 milhões de ações

TRIUNFO
-1,6% – Foi a queda do tráfego nas rodovias administradas pela concessionária no primeiro bimestre de 2019, em comparação com o mesmo período do ano anterior

 

O número da semana

100.439

Foi o recorde histórico atingido pelo Ibovespa. O número foi registrado no pregão da terça-feira 19. Na véspera, o principal indicador do mercado acionário brasileiro havia, pela primeira vez, superado o nível de 100 mil pontos. No entanto, em ambos os pregões, a média do mercado não sustentou esse patamar. Apesar de o rompimento do nível psicológico dos seis dígitos ser importante, o que realmente importa para o mercado é a tendência. Na quarta-feira 20, a Anbima, associação que representa os bancos de investimento, reduziu para 2% a projeção de crescimento da economia neste ano, ante os 2,8% de dezembro passado. Foi a segunda queda na previsão. Em fevereiro, a estimativa havia recuado para 2,6%.

 

 

Entrevista da semana

“A demanda por títulos tem sido dez vezes maior que a oferta”

Rafael Selegatto, sócio da Iridium Gestão

Criada há pouco mais de um ano por executivos oriundos da gestora de recursos do Banco Fator, a Iridium Gestão, dedicada a crédito privado, já alcançou R$ 2,5 bilhões em ativos. A meta é dobrar essa cifra até 2021, lançando novos produtos para as plataformas de distribuição de investimentos. Rafael Selegatto, sócio da Iridium, falou com a DINHEIRO.

Como está o mercado de crédito?
Estamos passando por um momento atípico. Os investidores estão absorvendo praticamente todas as emissões, e o apetite por risco está bastante elevado. Há cinco anos seria muito difícil para uma empresa realizar uma grande captação sem a participação de bancos ou gestoras de recursos de grande porte. Isso já vem acontecendo hoje.

É possível medir esse apetite?
A procura está tão grande que já vimos até operações que saíram com prêmio abaixo dos títulos públicos. Em lançamentos recentes, a demanda por títulos tem sido dez vezes maior que a oferta. Em uma operação de R$ 400 milhões, os investidores fazem R$ 4 bilhões em reservas.

Como ganhar dinheiro sem correr muito risco em um mercado assim?
Um pouco de conservadorismo faz bem. Não participamos de uma oferta quando entendemos que o retorno não compensa o risco, e isso tem ocorrido algumas vezes. Passamos também a operar mais ativamente no mercado secundário, onde encontramos taxas um pouco melhores em comparação com o primário. O gestor de crédito está tendo que trabalhar, não pode mais apenas ficar sentado esperando as grandes emissões.

 

Fundos de investimentos mais rentáveis