Quantas vezes você já ouviu que o Brasil é o país do futuro? É quase um mantra de motivação para quem é brasileiro com muito orgulho e muito amor. Pois saiba que essa frase será repetida muitas e muitas vezes nos próximos anos, afinal, esse é o destino irremediável da nação. Não é brincadeira, não estou ficando maluco e nem esta é uma peça de ficção. Segundo um estudo da consultoria PwC, que está em destaque na coluna Semana, a economia brasileira será uma das cinco mais importantes do mundo em pouco mais de 30 anos.

O PIB per capita brasileiro, em dólares constantes de 2016, sairá de US$ 3.135 para US$ 7.540, em 2050. É bom frisar que esse enriquecimento não significa que seremos um País com menos desigualdades. Apenas que parte da riqueza mundial estará concentrada por aqui. Mas esse deslocamento do poder econômico global, dos chamados países desenvolvidos para os emergentes, não pode ser desprezado. É uma oportunidade, basta escolher a trilha certa a seguir. Hoje, fica difícil vislumbrar esse futuro com seguidas operações da Polícia Federal, da Receita Federal e do Ministério Público, que não param de encontrar sujeira debaixo do tapete.

Talvez esse seja um dos fatores que façam com que o Brasil chegue um pouquinho atrasado nessa onda de prosperidade das nações emergentes – embora seja preferível passar um aspirador de pó sobre essa sujeira para conseguir respirar ar limpo em todos os negócios. O que mais preocupa, no entanto, é o ritmo de Brasília. O calendário político parece não ter longo prazo. Ele tem um tempo próprio, o das próximas eleições. Parece uma afronta pedir discussões sérias, importantes e impopulares um ano e pouco antes das urnas serem abertas. A reforma da Previdência, por exemplo, vem demonstrado que ninguém quer se comprometer com um tema que mexe em direitos.

Por mais que debates de alto nível, como o promovido pela DINHEIRO na quarta-feira 5, que teve transmissão ao vivo pela página do Facebook da revista, ajudem a desmistificar o problema, os parlamentares ainda preferem a troca com troco. Ainda são as negociatas que mandam e custam caro para todos. O jornal O Estado de S.Paulo fez um levantamento na Câmara e apenas 95 se mostraram a favor da reforma. A apovação depende de 308 votos. Concordo com o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, que diz que “todos nós que discutimos a reforma da Previdência somos privilegiados e não dependeremos do sistema público social no futuro”.

Se somos incapazes de esclarecer as dúvidas daqueles que serão totalmente dependentes, os parlamentares, como representantes de toda a população, deveriam ignorar o calor dos extremistas das redes sociais, e estudar, debater, defender, criticar, confrontar, calcular e mostrar o que cada decisão vai custar para todos os envolvidos. Muitos preferem simplificar e miram no tempo a mais de trabalho que cada um terá de cumprir. E, convenhamos, com as relações entre o capital e o trabalho em constante transformação, dificilmente alguém conseguirá se aposentar cedo. Talvez os parlamentares não influenciem no prometido rico futuro do Brasil. Ou, pior, podem ajudar a formar um País do futuro, mas falido. Só Brasília atrapalha o Brasil.