Projeções feitas no estudo World Economic League Table 2022, pelo Centre for Economics and Business Research (CEBR), trazem uma boa notícia ao Brasil. Depois de sairmos do ranking das dez maiores economias do mundo pelo PIB, em 2021, ocuparemos a oitava posição em 2031, girando na casa de US$ 3,1 trilhões – praticamente o dobro de hoje, em dólares. O ano de 2031 será emblemático. Vai ser o da virada formal no eixo econômico dos países, quando a China (com PIB projetada de US$ 37,6 trilhões) finamente passará os Estados Unidos (US$ 35,4 trilhões). Com Índia (3º, US$ 6,8 trilhões) e Japão (4º, US$ 6,4 trilhões) ocupando quatro dos cinco primeiros lugares, sem uma estratégia ‘Asiática’ o Brasil pode estar ainda mais deslocado de ser um player global. Será grande, mas não será relevante.

Esse é o primeiro nó. Nossa diplomacia virou pó no atual governo. O Brasil perdeu relevância junto a Alemanha e França, com ‘caneladas’ desnecessárias que fazem, por exemplo, com que o acordo União Europeia e Mercosul esteja engavetado enquanto o presidente brasileiro for o atual. Com os vizinhos sul-americanos, brigamos. Com o mundo árabe, criamos um distanciamento desnecessário a partir de atitudes como prometer – e não cumprir – colocar a Embaixada em Israel na cidade de Jerusalém. Com chineses fomos igualmente inábeis. Com americanos, também, ao apostar que Donald Trump ficaria mais tempo do que ficou. Em suma, brigamos com todo mundo, menos com a Rússia – que tem brigado com o mundo todo. Ah, mas se somos esse pária por que ainda exportamos tanto? Porque com escassez de tudo, de microchips a commodities, qualquer um compra de qualquer um. E porque algumas empresas brasileiras são de ponta, apesar de o País não ser. O primeiro nó, portanto, é reconstruir a Diplomacia.

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O segundo nó é tecnológico. De acordo com o estudo, “nas economias avançadas do mundo, o número de engenheiros e tecnólogos necessários daqui a dez anos será o dobro do número que hoje está empregado”. Na publicação The Global Economic Shift, feito pelo Visual Capitalist a partir dos dados do CEBR, “nos últimos 60 anos, a indústria de serviços da Índia cresceu para cerca de 55% do PIB do país asiático, tendo os segmentos de telecomunicações, software e TI gerando a maior parte da receita”. Apenas o setor de TI responde por 10% do PIB. Uma grande força de trabalho que conheça o assunto e fala em inglês. O Brasil sabe há muito desse gargalo, e não o combate. Na verdade, na educação o que temos é mais desvio de dinheiro público do que ações estratégicas de médio prazo. Esse é nosso segundo nó: educação e treinamento para ter vantagem competitiva e de produtividade.

Esses dois cenários anteriores levam a um terceiro nó. A desigualdade. No ranking global da desigualdade, pelo índice Gini, somos o nono mais desigual do mundo. Estamos falando de duas centenas de países. Corremos o forte e vergonhoso risco de sermos a oitava maior economia em PIB e ao mesmo tempo nono mais desigual do mundo. Um clássico paradoxo que conhecemos bem há mais de 500 anos. Esse é nosso terceiro e maior nó. Ferramentas de uso intensivo de análise de dados são recursos necessários e disponíveis para a adoção de políticas públicas (e privadas) que revertam essa catástrofe anunciada.