Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) – O Brasil registrou déficit em transações correntes de 4,464 bilhões de dólares em outubro, puxado pela piora da balança comercial e do déficit em conta primária, mostraram dados divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira.

O rombo em 12 meses avançou, com o resultado, a 1,66% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 1,47% no acumulado até setembro.

O déficit veio um pouco menor que a estimativa de 4,823 bilhões de dólares apontada por analistas em pesquisa Reuters, mas bem acima do rombo de 1,152 bilhão de dólares de outubro de 2020.

Já os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram 2,493 bilhões de dólares, também abaixo de expectativa no mercado de 4 bilhões de dólares e do valor de 3,136 bilhões de dólares alcançado um ano antes.

Para o mês de novembro, o BC projetou déficit em transações correntes de 7,8 bilhões de dólares e IDP de 3,9 bilhões de dólares. Até o dia 22 deste mês, o fluxo cambial ficou negativo em 5,588 bilhões de dólares, acrescentou o BC.

Entre janeiro e outubro, o rombo em transações correntes é de 15,783 bilhões de dólares. A última estimativa do BC para o ano, feita em setembro, apontava déficit de 21 bilhões de dólares 2021.

No entanto, ela deverá ser revisada para cima no próximo Relatório Trimestral de Inflação, que será publicado em dezembro, já que só a incorporação da projeção do BC para o déficit de novembro já supera esse valor.

OUTUBRO

Em outubro, o superávit da balança comercial foi de 1,303 bilhão de dólares, inferior ao número de 3,683 bilhões de dólares do mesmo mês do ano passado.

Dando prosseguimento a uma tendência vista em meses anteriores, isso ocorreu diante de um aceleração mais intensa na ponta das importações (alta de 52,0% sobre outubro de 2020) que das exportações (aumento de 27,8%).

Além disso, o déficit na conta de renda primária subiu 38,9% na mesma base de comparação, a 4,596 bilhões de dólares, principalmente pelo crescimento de 58,6% na remessa de lucros e dividendos para fora, a 3,715 bilhões de dólares.

Já o rombo na conta de serviços sofreu uma diminuição de 12,4% em outubro, a 1,468 bilhão de dólares. O BC ressaltou que, dentro dessa conta, as despesas líquidas de aluguel de equipamentos caíram 28,7% na comparação com outubro de 2020, a 602 milhões de dólares, influenciadas pela nacionalização de equipamentos no âmbito do Repetro.

Os gastos líquidos com viagens internacionais subiram a 265 milhões de dólares, de 103 milhões de dólares um ano antes.

REVISÃO DOS NÚMEROS

O BC atualizou nesta quinta-feira os dados do setor externo seguindo sua política de revisão ordinária anual dessas estatísticas.

Com o processo, o déficit em transações correntes em 2020 caiu 1,4 bilhão de dólares, a 24,5 bilhões de dólares, o equivalente a 1,70% do PIB.

“Essa revisão decorreu da variação na renda primária, cujo déficit foi revisto de 39,7 bilhões para 38,3 bilhões de dólares”, disse o BC.

Já para o acumulado de janeiro a setembro deste ano, o déficit em transações correntes subiu a 11,3 bilhões de dólares, de 8,1 bilhões de dólares antes, principalmente pelo aumento visto nas despesas líquidas da renda primária de 3,2 bilhões de dólares no período, a 36,3 bilhões de dólares.

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