Até 2050, mais de dois terços da população mundial estará vivendo nos centros urbanos. Proporcionar mais qualidade de vida nesses locais é, além de investimento, um compromisso com as futuras gerações. A conexão entre esse objetivo e políticas públicas capazes de estimular a inovação e o desenvolvimento tecnológico é inegável.

A tecnologia eleva a produtividade e a qualidade em diversos setores, além de proporcionar maior capacitação profissional por meio de plataformas colaborativas online. Basta observar o rápido efeito que a transformação digital tem no setor privado: dados do Centro de Estudo de Telecomunicações da América Latina mostram que aumentar o índice de digitalização em 1% equivale a um aumento de 0,32% no PIB.

Na Europa, continente que abriga 85% das cidades com maior índice de prosperidade do mundo, algumas das tendências já se traduzem na melhoria da qualidade de vida. Na saúde pública, sensores monitoram pacientes à distância para antecipar situações de risco (o que pode ser particularmente útil em portadores de doenças neurodegenerativas) e o uso de ferramentas de e-health facilita consultas, exames e diagnósticos remotamente.

A segurança, outro pilar essencial para o futuro das cidades, também evolui com novas soluções tecnológicas. Dentro ou fora de casa, minimizar danos e conter impactos em redes e serviços são objetivos comuns aos governantes de diversos países. Com Inteligência Artificial, sistemas de videovigilância (CCTV) permitem o reconhecimento de objetos, pessoas e até comportamentos, auxiliando a tomada de decisões para prevenir ameaças.

A gestão eficaz de recursos é também estratégica para manter as cidades em pleno funcionamento e, mais uma vez, a tecnologia pode ser uma aliada importante nesse processo. O uso de Internet of Things (IoT), por exemplo, permite incorporar sensores nos containers de coleta de lixo, por exemplo, deixando clara a maneira ideal de fornecer serviços de coleta com base em indicadores extremamente apurados de uso, condições de tráfego ou capacidade de atendimento.

Nada disso pode ser feito sem profissionais capacitados e aptos a lidar com esse novo cenário. Por isso, gerar ambientes de especialização e inovação capazes de atrair e manter o capital humano são pontos a serem observados. O avanço do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) representa uma excelente oportunidade para as cidades como meio de crescimento econômico e criação de empregos ao longo do tempo.

O desenvolvimento desse setor exige uma rede de instalações, ambientes e incentivos que atraiam e estimulem empresas, empreendedores, centros de inovação, universidades e investidores. E aqui, é possível observar iniciativas recentes do setor privado brasileiro: promover a criação de startups, oferecendo locais e meios para que essas iniciativas possam se desenvolver ao longo do tempo.

Impulsionar o crescimento através da inovação, empreendedorismo e digitalização tem de ser um compromisso do Brasil nos próximos anos. É possível acompanhar e liderar uma transformação tecnológica que gere valor e traga competitividade para a economia, ao mesmo tempo em que impacte a vida cotidiana das pessoas, empresas e instituições.

(*) Jorge Arduh é CEO da Indra no Brasil