O Brasil vai deixar de ser a ‘Pátria de Chuteiras’ para se tornar a ‘Pátria do Console’. A previsão é de Leo De Biase, que possui mais de 20 anos de experiência nas áreas de games, e-sports e tecnologia. O otimismo do cofundador da BBL, holding de entretenimento especializada em games, vem da paixão do brasileiro pelos e-sports que tem aumentado e o crescimento do mercado na casa dos 11% na América Latina – o Brasil acompanha esse ritmo. Leo De Biase atua no segmento desde 1998. Foi pioneiro das Lan Houses no Brasil e, como ex-jogador de CS 1.6 e entusiasta dos e-sports, tornou-se referência no mercado. Tem passagens por Nvidia, Bigpoint e Level Up! Games. Hoje, com a BBL (que tem no grupo o escritório brasileiro da ESL, maior empresa produtora de conteúdo de e-sports do mundo, e a rádio Jovem Pan como investidora), faz a operação de torneios, produção de eventos e criação de conteúdo. Tem seis estúdios, 1.600 metros quadrados para eventos e transmissões e arena para 300 pessoas. Em 2019, produziu 3 mil horas de conteúdo de e-sports. Atualmente, promove e transmite a nova temporada do Clutch, o Brasileirão de CS:GO, com premiação de R$ 1,14 milhão.

Quando falamos em organização de eventos e qualidade dos jogadores, o Brasil está em que patamar no cenário de e-sports?
Não existem tantos segredos em organizar e transmitir um evento. Estamos de igual para igual. A diferença, porém, está no nível de prioridade para as grandes publishers (donas dos jogos) e para as marcas que querem se envolver. Elas ainda estão com os olhos mais voltados para outras regiões do mundo.

O interesse no Brasil tem aumentado?
Mais torneios internacionais estão vindo para o País. Reflexo, primeiramente, da paixão e do engajamento do usuário brasileiro. Por exemplo, as finais do Free Fire em 2019 (no Rio de Janeiro) viraram case mundial, batendo recorde de audiência simultânea, com 2 milhões de pessoas assistindo no Youtube.

Os times de futebol, como Corinthians, Flamengo e até o espanhol Barcelona, têm investido em e-sports. Como você vê isso?
Vemos positivamente. São grandes marcas, sempre com fans bases, conhecimento grande de mercado, reconhecimento do público. Ajudam a validar o segmento. Mas também olhamos com cautela para pegar só a parte boa do futebol.

O Brasil vai deixar de ser a Pátria de Chuteiras para ser a Pátria do Console?
Tenho certeza disso. Em 2002 eu dizia que iria ser um produto mainstreaming, com acesso, números gigantes. Os números estão aí.

O que significa o e-sports na sua vida?
É um legado. Ajudamos a criar esse ecossistema do zero. Era tudo na raça, com pouco apoio, amador, mas criamos uma história importante. O e-sports é tudo pra mim, dediquei minha vida e minha carreira. São só 20 anos de história do segmento, temos grande caminho pela frente. Hoje são 90 milhões de gamers no Brasil. E só cresce. Temos impactado a sociedade. As histórias de superação são importantes, de garotos que saem de comunidades e sustentam suas famílias jogando videogame. É inclusivo!

(Nota publicada na edição 1159 da Revista Dinheiro)