O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse nesta quinta-feira que o governo de Jair Bolsonaro “não concorda” com a exclusão da Rússia do G20, como sugeriram os Estados Unidos devido à invasão à Ucrânia.

“Temos visto o surgimento de iniciativas em diversos órgãos internacionais, inclusive naqueles de caráter técnico, no sentido de expulsar a Rússia dessas entidades ou suspender a sua participação. O Brasil tem sido claramente contrário a essas iniciativas, em consonância com a nossa posição tradicional em favor do multilateralismo e do direito internacional”, disse o chanceler, em um comparecimento ao Senado para discutir as consequências da guerra na Ucrânia para o Brasil e o mundo.

“O mais importante seria, neste momento, que todos esses fóruns – o G20, a OMC, a FAO – possam ter o funcionamento pleno. E para ter o funcionamento pleno, seria preciso que tivesse todos os países, inclusive a Rússia”, acrescentou França.

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O ministro insistiu na posição do governo Bolsonaro, crítica das sanções “unilaterais e seletivas” contra a Rússia, as quais disse que são “ilegais perante o direito internacional, preservam concretamente os interesses urgentes de alguns países”, e “atingem produtos essenciais para a sobrevivência de grande parcela da população mundial”.

Desde o começo da invasão russa, Bolsonaro evita criticar abertamente a incursão do Exército de seu colega russo, Vladimir Putin, o que gerou reprovações dentro e fora do Brasil. Dias antes do início do conflito, Bolsonaro se encontrou com Putin em Moscou e garantiu que o viu comprometido com a busca da paz.

A viagem do presidente brasileiro teve, entre outros objetivos, discutir a venda de fertilizantes russos para o Brasil, uma potência do agronegócio, que importa 85% dos insumos para a produção. “Os fertilizantes de que precisamos no Brasil são igualmente necessários para evitar a fome e garantir a sobrevivência econômica e estabilidade política das nações em desenvolvimento, que repondem por três quartos da população mundial”, disse o chanceler nesta quinta-feira.

Os Estados Unidos e países como Reino Unido e Austrália questionam a participação da Rússia no G20, fórum que reúne as principais economias do mundo e cuja próxima reunião de cúpula está prevista para o fim do ano na Indonésia.